Vacinas em teste - Brasil avança na busca da cura da Aids e contra o câncer e a dengue
A descoberta da cura para a Aids, de tratamentos menos agressivos para os pacientes com câncer e de uma forma de conter a dengue são alguns desafios atuais da ciência. Vacinas que estão em teste no Brasil podem encurtar a busca pela cura e por melhores tratamentos para essas doenças.
O Instituto Butantã, em parceria com a USP (Universidade de São Paulo), desenvolveu uma vacina contra a dengue que começou a ser testada em voluntários em outubro deste ano. Se os testes forem realizados com sucesso, a vacina poderá chegar à população em até cinco anos. O medicamento promete combater em uma única dose os quatro tipos da doença já identificados.
A dengue é uma doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. É endêmica no Brasil e em países tropicais, podendo causar a morte. Mas, com as mudanças climáticas e a globalização, ela começa a aparecer em regiões de temperaturas mais moderadas.
A pesquisa para desenvolver a vacina brasileira começou em 2006, junto com os institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos. A técnica de produção da vacina da dengue é a do vírus atenuado, utilizada em organismos que têm a capacidade de se multiplicar. A partir de um vírus normal, cientistas conseguem modificá-lo até que suas propriedades patogênicas (agente de doença) sejam drasticamente diminuídas, sem oferecer risco à saúde.
Ao tomar uma vacina como mecanismo de prevenção, uma pessoa que recebe o agente infeccioso produz anticorpos para defender o organismo, mas como o invasor está inativado, a pessoa não consegue desenvolver a doença. Moléstias como a febre amarela, sarampo, caxumba e rubéola têm suas vacinas produzidas a partir da técnica de vírus atenuado.
No Brasil, o avanço no número de casos de dengue é assustador e constitui um grave problema de saúde pública nas cidades e na área rural. Em 2010, uma epidemia deixou cerca de 4.000 municípios infestados. Em 2013, até agora, 1,4 milhões de pessoas já foram infectadas pela dengue no país. Mais de 500 morreram.
Esperança contra a Aids
A vacina brasileira contra o HIV, o vírus causador da Aids, também já entrou em fase de testes. Batizada de HIVBr18, a vacina foi desenvolvida por pesquisadores da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), com estudos iniciados em 2001. A vacina foi testada em camundongos, que após aplicação, apresentaram como resultado um aumento de imunidade contra o vírus.
Em outubro de 2013, ela começou a ser testada em macacos da espécie Rhesus, que serão imunizados e apresentam sistema imunológico semelhante ao dos humanos. Esta fase deve durar dois anos e, se obter sucesso, a substância poderá ser testada clinicamente em pessoas.
A HIVBr18 foi desenvolvida a partir da análise do sistema imunológico de portadores do vírus que demoravam mais tempo para adoecer. O estudo da FMUSP descobriu que o sangue destas pessoas apresentava uma quantidade maior de linfócitos T do tipo CD4 do que o normal.
Presente no sangue, o linfócito é um tipo de glóbulo branco que produz anticorpos que defendem o corpo de possíveis infecções. Existem três tipos de linfócitos: células B, células T (CD4 e CD8) e células NK. Cada um exerce uma função específica no combate a invasores.
As células T reconhecem e destroem células do organismo que estejam alteradas, evitando que elas se multipliquem. O CD4, ou linfócito auxiliador, “comanda” o sistema imunológico e, ao receber informações da presença de organismos estranhos, estimula os outros linfócitos a combater os antígenos.
Ao entrar num organismo, o vírus HIV instala-se nas células CD4 para se multiplicar e destrói os linfócitos da pessoa portadora, deixando-a exposta a diversas infecções causadas por fungos, parasitas e bactérias. Estas são chamadas de doenças oportunistas e são as verdadeiras causadoras da morte do indivíduo. Os soropositivos com quantidade maior de CD4 conseguem controlar a quantidade de vírus e demoram mais tempo para desenvolver a doença.
O objetivo da pesquisa brasileira é desenvolver uma vacina que possa ativar os linfócitos CD4 e CD8 e reduzir drasticamente a carga viral no organismo. A vacina não “curaria” o paciente, mas induziria a uma resposta imunológica, evitando que a pessoa desenvolva a imunodeficiência ou transmita o vírus.
Alívio no tratamento para o câncer de próstata
Uma vacina desenvolvida no Brasil pode ser uma nova opção para o tratamento do câncer de próstata. Aplicado direto na pele, o produto terapêutico é feito a partir da célula de tumor, estimulando o sistema imunológico da pessoa a identificar e destruir as células cancerígenas e assim reduzir as possibilidades de resistência.
Testes do laboratório brasileiro Fk Biotec, que patenteou a vacina, demonstram boas taxas de redução da doença e da mortalidade por câncer de próstata. Entre os pacientes vacinados a taxa de mortalidade se reduziu a 9%, muito abaixo dos 19% registrados entre os não vacinados.
A vacina brasileira vem sendo desenvolvida desde 2001 e poderá ser uma alternativa mais barata à americana, lançada nos EUA em 2010 e considerada uma referência no tratamento. O produto também poderá ser utilizado para tratar outros tipos de câncer, como de mama, pâncreas, de intestino e melanoma. A previsão do laboratório é lançar a vacina em até três anos.
O câncer de próstata matou pelo menos 15 mil brasileiros no ano passado e 60 mil novos casos surgem no país anualmente. A doença é a segunda causa de morte por carcinoma entre homens no Brasil e no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele.
DIRETO AO PONTO
Recentes pesquisas brasileiras estão abrindo caminhos para o desenvolvimento de novas vacinas contra doenças que afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Entre elas a dengue, a Aids e o câncer de próstata.
O Instituto Butantã, em parceria com a Universidade de São Paulo, desenvolveu uma vacina contra a dengue que poderá chegar à população em até cinco anos. O medicamento promete combater em uma única dose os quatro tipos de doença. A técnica de produção da vacina da dengue é a do vírus atenuado, utilizada em organismos que têm a capacidade de se multiplicar. A partir de um vírus normal, cientistas conseguem modificá-lo até que suas propriedades patológicas sejam diminuídas. Ao receber a vacina, uma pessoa produz anticorpos, mas não desenvolve a doença.
Outra vacina brasileira que já está sendo testada e a contra o vírus HIV, causador da Aids. Batizada de HIVBr18, a vacina foi desenvolvida por pesquisadores da FMUSP a partir da análise do sistema imunológico de portadores do vírus que demoravam mais tempo para adoecer. Os pesquisadores descobriram que o sangue destas pessoas apresentava uma quantidade maior de linfócitos T do tipo CD4, que “comandam” o sistema imunológico e estimulam outros linfócitos a combater os invasores. A pesquisa brasileira busca desenvolver uma vacina que estimule os linfócitos CD4 e CD8 a diminuir drasticamente a carga viral no organismo, evitando que a pessoa desenvolva a doença ou transmita o vírus.
Cientistas brasileiros também estão desenvolvendo uma vacina que promete ser um tratamento eficaz contra o câncer de próstata. Desenvolvida pelo labotatório FK Biotec, a vacina estimula o sistema imunológico a identificar e destruir as células cancerígenas. A vacina brasileira vem sendo desenvolvida desde 2001 e poderá ser uma alternativa mais barata à americana, lançada nos EUA em 2010. O produto também poderá ser utilizado para tratar outros tipos de câncer, como mama, pâncreas, de intestino e melanoma. A previsão do laboratório é lançar a vacina em até três anos. |
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