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Massacre de Munique - 40 anos - Ataque marcou Olimpíadas de 1972

José Renato Salatiel*, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Cerimônias com a presença de autoridades e familiares de vítimas lembraram no último dia 5 de setembro, na Alemanha, os 40 anos do Massacre de Munique. Onze atletas e técnicos da comissão israelense foram mortos em um ataque terrorista durante os Jogos Olímpicos de 1972, considerada a maior tragédia da história dos jogos.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Na época, a Alemanha era dividida em duas, havendo sido erguido um Muro em Berlim que se tornou o símbolo dessa divisão. Havia o lado comunista, a Alemanha Oriental, e o lado capitalista, a Alemanha Ocidental. A divisão do país espelhava a polarização política e ideológica entre Estados Unidos e União Soviética, no período conhecido como Guerra Fria.

 

Munique, na Alemanha Ocidental, foi escolhida para sediar os jogos com a responsabilidade de transformar, por meio do evento, a imagem vergonhosa deixada pelas Olimpíadas de Berlim, de 1936. Nestes últimos jogos realizados no país, Adolf Hitler usou o esporte para fazer propaganda do regime nazista, que anos mais tarde promoveria o holocausto de judeus.

 

Por isso, o clima nas competições era de paz e amizade. Nem mesmo as equipes de segurança dos jogos portavam armas. Na vila olímpica, que abrigava as delegações de 121 países participantes, a segurança era relaxada. Os atletas podiam transitar livremente, sem precisar se identificar. Entre eles estavam os atletas de Israel.

 

Os anos 1970 foram talvez os mais tensos na relação entre israelenses e palestinos. Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel anexou os territórios da Cisjordânia e a faixa de Gaza, expulsando os árabes que viviam nessas terras. Como reação, grupos palestinos realizaram uma série de atentados terroristas contra alvos judaicos. O ataque em Munique foi planejado para ser o maior deles.

 

Às 4h30 do dia 5 de setembro de 1972, oito integrantes do grupo palestino Setembro Negro (criado dois anos antes) armados de fuzis AK-47, pistolas e granadas invadiram os alojamentos dos atletas israelenses na vila olímpica.

 

Dois atletas enfrentaram os terroristas e foram mortos no local. Outros nove atletas e técnicos foram feitos reféns pelo grupo. Os demais conseguiram escapar e avisar a polícia. Começava então uma operação que duraria mais de 20 horas, acompanhada pela imprensa internacional, e que, em razão de falhas da polícia alemã, terminaria em tragédia.

 

Tiroteio

Os terroristas exigiam a libertação de 234 palestinos e não árabes presos em Israel. Mas as autoridades israelenses seguiam a política de não negociar com terroristas, não importava a circunstância, para não incentivar novos ataques.

 

A situação para o governo alemão era ainda mais delicada: tratava-se de judeus sequestrados em uma Olimpíada cuja sede era a antiga capital do Partido Nazista. Por isso, os negociadores chegaram a oferecer somas ilimitadas em dinheiro e até a troca dos reféns por alemães; os terroristas recusaram todas as ofertas.

 

Outro entrave para os alemães foi a cobertura ao vivo de emissoras de TVs de todo o mundo. Isso permitiu que os terroristas acompanhassem a ação da polícia por aparelhos de TV no alojamento, frustrando as tentativas de invasão.

 

Finalmente, foi combinado que os palestinos e os reféns seriam levados para o Cairo, mesmo com a recusa do governo egípcio de se envolver no caso. Tudo não passava de uma armadilha para tentar prender o grupo no aeroporto de Fürstenfeldbruck, próximo à Munique.

 

Às 22h10, terroristas e atletas foram transportados em um ônibus até dois helicópteros militares e depois até o aeroporto. O plano era neutralizar os árabes dentro de um Boeing 747 que os aguardava na pista de decolagem. Mas os policiais foram surpreendidos com um número maior de terroristas do que o esperado. Decidiram então agir, sem consultar o comando central.

 

Às 23h começou um tiroteio, meia hora após a chegada dos helicópteros. Eram cinco atiradores da polícia contra oito terroristas bem armados. Na confusão, um dos suspeitos atirou uma granada contra um helicóptero em que reféns estavam amarrados pelos pés e mãos. Por volta das 1h30 o massacre havia terminado. Todos os nove reféns morreram, além de cinco terroristas e um policial.

 

Três jovens, com idades entre 20 e 22 anos, foram feridos no tiroteio e presos pela polícia. Entretanto, eles nem chegaram a ser julgados. Oito semanas depois, um avião da empresa alemã Lufthansa foi sequestrado em Beirute. Em troca dos reféns, o governo alemão decidiu soltar os três prisioneiros, que foram para a Líbia.

 

Ira de Deus

A Líbia também foi o destino dos corpos dos cinco terroristas mortos. Lá eles foram enterrados como heróis, com honras militares. Israel respondeu bombardeando alvos árabes no dia seguinte ao massacre, matando 200 pessoas.

 

Nos bastidores, o governo israelense tramava uma missão secreta para caçar os envolvidos. A primeira-ministra israelense, Golda Meir, e o Comitê Israelense de Defesa autorizaram o Mossad, o serviço secreto de Israel, a localizar e matar todos os integrantes do Setembro Negro envolvidos direta ou indiretamente no episódio.

 

A operação, chamada “Ira de Deus”, foi contada no filme Munique (2005), dirigido por Steven Spielberg. Durante duas décadas, dezenas de pessoas foram mortas pelos espiões do Mossad, entre elas dois dos terroristas capturados em Munique e um garçom morto por engano na Noruega.

 

O Massacre de Munique também levou governos europeus a criar equipes profissionais de contraterrorismo. Foi o início da guerra das nações ocidentais contra o terror.

Direto ao ponto

Autoridades alemãs e familiares de vítimas lembraram no último dia 5 de setembro os 40 anos do Massacre de Munique. Onze atletas e técnicos da comissão israelense foram mortos em um ataque terrorista durante os Jogos Olímpicos de 1972, considerada a maior tragédia da história dos jogos.

 

Às 4h30 do dia 5 de setembro, oito integrantes do grupo palestino Setembro Negro armados de fuzis AK-47, pistolas e granadas invadiram os alojamentos dos atletas israelenses na vila olímpica. Dois atletas foram mortos no local. Outros nove atletas e técnicos foram feitos reféns pelo grupo.

 

Os terroristas exigiam a libertação de 234 palestinos e não árabes presos em Israel, mas o governo israelense se recusou a negociar o pedido. Assim, a polícia alemã, despreparada para lidar com a situação, montou um plano de captura dos terroristas.

 

Os palestinos e os reféns foram levados até um aeroporto próximo da cidade, de onde seriam transportados para a Líbia, país árabe. Mas no local a polícia abriu fogo contra os suspeitos. Na confusão, um policial, cinco terroristas e todos os nove reféns foram mortos.

 

Como reação, Israel autorizou o Mossad, serviço secreto israelense, a localizar e matar todos os integrantes do Setembro Negro envolvidos direta ou indiretamente no episódio. Dezenas de suspeitos foram mortos em todo o mundo em duas décadas de operação secreta.

 

 

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