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Lixo espacial - Detritos em órbita oferecem risco à exploração do espaço

José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O lixo resultante da ação humana não polui somente terra, ar e oceanos. Desde que o primeiro satélite artificial entrou em órbita, há mais de meio século, os detritos espaciais acumulados em órbita do planeta se tornaram um problema para a vida na Terra.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Estima-se que mais de 19 mil objetos maiores de dez centímetros, além de outros 500 mil menores, compõem uma nuvem de lixo espacial ao redor da Terra. Eles provêm de foguetes e satélites desativados, fragmentos de naves e até ferramentas usadas por astronautas.

Os riscos de um destes objetos cair na Terra e atingir uma pessoa são remotos. Porém, os detritos podem colidir com satélites em operação e missões tripuladas, prejudicando a exploração do espaço.

Segundo a Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), cerca de 200 entram na atmosfera terrestre todos os anos e se desintegram após entrar em combustão. Alguns, no entanto, podem atingir o planeta. Foi o que aconteceu no dia 24 de setembro, quando restos de um satélite desativado caíram no Oceano Pacífico.

O UARS (Satélite de Pesquisa de Alta Atmosfera, na sigla em inglês) foi lançado em 1991, pelo ônibus espacial Discovery, com a missão de estudar a camada de ozônio. Ele foi “aposentado” em 2005, após ficar sem combustível. O satélite tinha o tamanho de um ônibus e pesava seis toneladas, sendo o maior a retornar à Terra em três décadas.

Na reentrada da atmosfera, o UARS se esfacelou. Mesmo assim, cerca de 500 kg de peças chegaram até o oceano.

Os cientistas haviam avisado que as chances de fragmentos atingirem áreas povoadas eram remotas. A razão disso é que 70% do planeta é coberto de água, sem contar as regiões desérticas.

De acordo com a Nasa, não há registros de ferimentos causados pela queda de detritos vindos do espaço. O único caso conhecido de uma pessoa atingida por entulho espacial aconteceu em 1997. A americana Lottie Williams foi alvejada no ombro por um pedaço de foguete, sem sofrer ferimentos.

O lixo espacial é produto do avanço tecnológico. Satélites de telecomunicações, mapeamento por GPS e previsão meteorológica possuem um tempo de vida útil que pode ser de até uma década. Após serem desligados, são deixados em órbita, devido ao alto custo de resgatá-los para governos e empresas. Tornam-se “ferro-velho” no espaço.

No começo do mês, um relatório do Conselho Nacional de Pesquisa alertou para os perigos do aumento de detritos, o que poderia danificar espaçonaves e satélites em funcionamento.
 

Acidentes

Apesar de nenhuma tragédia ter acontecido, incidentes ocorrem com certa regularidade. Em 1996, o satélite militar francês Cerise foi praticamente destruído por um pedaço de metal proveniente de um foguete lançado dez anos antes. Ônibus espaciais e até o telescópio Hubble já sofreram reparos por conta do problema.

Em 2009, o satélite russo Cosmos-2251, lançado em 1993 e, na época, desativado, colidiu com o satélite de comunicações americano Iridium 33. Foi a primeira maior colisão de satélites artificiais na órbita terrestre. Vários detritos foram gerados pelo choque, que destruiu o satélite russo.

No caso mais recente, em junho deste ano, seis astronautas foram obrigados a abandonar a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em razão de um alerta de colisão com entulhos.

O pior cenário é a chamada Síndrome de Kessler. Segundo o consultor da Nasa, Donald J. Kessler, a colisão de detritos poderia causar uma reação em cadeia – uma peça fragmentando a outra em pedaços menores –, formando um cinturão de lixo que inviabilizaria a exploração espacial.

Hoje não existe nenhuma tecnologia que permita a “limpeza” do espaço. Os custos de uma operação de remoção dos materiais são muito altos. Além disso, há questões políticas, envolvendo propriedade e a responsabilidade de governos e empresas que colocam os aparelhos em órbita.

Em 2007, os chineses desenvolveram um satélite que destruiria outros, desativados, mas a experiência foi um fracasso: um deles se desintegrou em dois mil pedaços, agravando o problema.

Recentemente, cientistas propuseram o lançamento de um satélite que acoplaria motores propulsores aos resíduos para que eles fossem levados até a atmosfera, onde se desintegrariam. Outras propostas incluem redes metálicas gigantes, canhões lasers e fios condutores de cobre inseridos em satélites para que pudessem ser atraídos pelo campo magnético da Terra.

Mas talvez a maneira mais simples seja a programação para que os dispositivos, uma vez obsoletos, sigam as chamadas “órbitas-cemitérios”, permanecendo à deriva num espaço seguro, longe do planeta.

O Brasil, que possui satélites de comunicações e científicos em órbita, também tem sua parcela de responsabilidade pelo lixo espacial.

Direto ao ponto

Em 24 de setembro, restos do UARS (Satélite de Pesquisa de Alta Atmosfera, na sigla em inglês) caíram sobre o Oceano Pacífico. O satélite foi lançado em 1991 e “aposentado” em 2005, após ficar sem combustível. Ele tinha o tamanho de um ônibus e pesava seis toneladas, sendo o maior a retornar à Terra em três décadas. Desde que o primeiro satélite espacial entrou em órbita, há mais de meio século, os detritos espaciais acumulados em órbita do planeta se tornaram um problema para a vida na Terra.

Apesar dos riscos de atingirem pessoas serem remotos, as colisões com outros satélites e naves espaciais são cada vez mais comuns. Estima-se que mais de 19 mil objetos maiores de dez centímetros, além de outros 500 mil menores, compõem uma nuvem de lixo espacial ao redor da Terra. Eles provêm de foguetes e satélites desativados, fragmentos de naves, combustível e até ferramentas usadas por astronautas.

Hoje não existe nenhuma tecnologia que permita a “limpeza” do espaço. Os custos de uma operação de remoção do lixo são muito altos. Além disso, há questões políticas, envolvendo propriedade e a responsabilidade de governos e empresas que colocam os aparelhos em órbita.

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