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Invasão do Iraque - 10 anos - As derrotas de uma guerra vitoriosa

Cena de "Guerra ao Terror" ("The Hurt Locker"), de Kathryn Bigelow, que focaliza a dura rotina das tropas norte-americanas no Iraque - Divulgação
Cena de "Guerra ao Terror" ("The Hurt Locker"), de Kathryn Bigelow, que focaliza a dura rotina das tropas norte-americanas no Iraque Imagem: Divulgação

José Renato Salatiel*

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Há pouco mais de dez anos, em 19 de março de 2003, Os Estados Unidos invadiram o Iraque e deram início a uma das guerras mais caras, polêmicas e desastrosas de sua história, que durou quase nove anos.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A “Operação Liberdade Iraquiana” levou 21 dias e teve apoio de tropas do Reino Unido, da Austrália e Polônia. Ela foi deflagrada durante o governo de George W. Bush (2001-2009), um ano e meio após os ataques às torres gêmeas do World Trade Center em 11 de setembro de 2001.

O presidente americano justificou a invasão com a suposta existência de armas de destruição em massa pelo regime de Saddam Hussein, um dos mais violentos do Oriente Médio. O risco era de que o armamento chegasse a grupos terroristas como a Al Qaeda, responsável pelos atentados em Nova York. Essas armas, porém, nunca foram encontradas e poucos acreditam que existiam. Além disso, a ligação de Saddam com Osama bin Laden era implausível, pois eram inimigos.

 

Havia ainda uma intenção “humanitária” de destituir o ditador e estabelecer a democracia no Iraque. Nos bastidores do teatro de operações, contudo, havia interesse de Washington em controlar o petróleo iraquiano (9% das reservas mundiais) e o domínio estratégico do Oriente Médio.

Na época, Bush tinha apoio da população e da imprensa para promover sua "guerra contra o terror". Os americanos ainda estavam abalados e com medo de novos ataques terroristas. Nos anos seguintes, entretanto, a guerra tornou-se fonte de despesas e escândalos – massacres nas ruas de Bagdá e denúncias de torturas de presos iraquianos na prisão de Abu Ghraib – que abalaram a confiança no império americano.

Os Estados Unidos ainda se envolveram em outra guerra, no Afeganistão, e enfrentaram a maior crise econômica desde a Grande Depressão (1929-1933). Somente a guerra no Iraque custou US$ 2,2 trilhões, valor comparável ao PIB brasileiro. O número de mortos chegou a 4.805 militares das forças de coalizão e 134 mil civis iraquianos.

O desgaste político de Bush com a guerra, agravado pela demora ao socorro às vítimas do furacão Katrina, em 2005, foi também decisivo para a vitória do democrata Barack Obama nas eleições presidenciais de 2008. Obama foi eleito com a promessa de resolver a crise financeira e retirar as tropas do Iraque.

Ditador

O Iraque situa-se em uma região que abrigou as primeiras civilizações humanas. A capital, Bagdá, foi o centro do mundo islâmico e a maior cidade da Idade Média.

Rico em petróleo (descoberto em 1927), o Iraque tinha todas as condições para ser uma nação rica. Mas séculos de guerras e ocupação estrangeira, com consequentes instabilidades política e econômica, impediram que se desenvolvesse.

O Iraque nunca conheceu a democracia. Após quatro séculos de domínio Otomano, o território virou colônia do Reino Unido e, após a Independência, em 1932, sofreu sucessivos golpes de Estado, até a chegada do partido de Saddam Hussein, o Baath, ao poder em 1968. O partido dominou o país por 35 anos, até a invasão americana.

Saddam assumiu a presidência em 1979. Na época da Guerra Fria (1945-1991), o ditador tinha apoio do governo americano por terem, ambos, o Irã como inimigo comum. A situação mudou em 1990 quando o exército iraquiano invadiu o Kuwait, país vizinho, e iniciou a Guerra do Golfo Pérsico (1990-1991).

De certo modo, a invasão americana em 2003 foi uma continuação da Guerra do Golfo. Ela terminou com a deposição e captura do ditador iraquiano em 2003. Saddam foi condenado à morte e executado em dezembro de 2006. A queda do regime de Saddam marcou o fim da invasão, mas o começo de um processo de reconstrução do Iraque, que se mostrou mais demorado e difícil do que o esperado.

Violência

A sociedade iraquiana é formada por três grupos étnicos e religiosos que lutam entre si há séculos. Os árabes perfazem 80% da população de 29 milhões de habitantes. Os curdos estão entre 15 e 20% desse total. A principal religião é a muçulmana, dividida entre xiitas (62%) e a minoria sunita (35%).

Os árabes sunitas governaram o país desde sua criação, em 1920. Após a ocupação, os americanos permaneceram no país para treinar forças de segurança iraquianas e constituir um governo pluralista, que representasse todas essas etnias.

Em outubro de 2005, os iraquianos aprovaram uma Constituição mediante um referendo nacional. Em dezembro, foi composto o Parlamento, no primeiro governo constitucional no país em quase 50 anos, de maioria xiita. Mas a tensão entre milícias sunitas e xiitas provocou atentados violentos entre 2005 e 2007.

As tropas americanas finalmente deixaram o Iraque em 18 de dezembro de 2011. Hoje, apesar da instabilidade política, a economia iraquiana está melhor do que em 2003, registrando um crescimento médio de quase 7% ao ano. A violência nas ruas também diminuiu, ainda que os atentados continuem acontecendo em Bagdá.

Para os Estados Unidos, a guerra do Iraque resultou em perdas políticas, econômicas, ideológicas e estratégicas. No contexto geopolítico do Oriente Médio, a queda do regime secular de Saddam Hussein fortaleceu o Irã e o fundamentalismo islâmico, antecipando a Primavera Árabe.

Fique Ligado

Uma questão atual pode servir de gancho para se tratar de temas históricos. O território do Iraque corresponde ao ocupado pela Mesopotâmia na Antiguidade. Ali, desenvolveram-se importantes civilizações que quem vai prestar o Enem ou os vestibulares não pode deixar de conhecer. Portanto, sugerimos que as questões do Iraque na atualidade sejam uma porta para o passado histórico da região, do qual toda a humanidade é herdeira.

Civilizações hidráulicas

 

Mesopotâmia: economia e política

 

Mesopotâmia: cultura

 

Mesopotâmia: religião

 

Direto ao ponto

Há pouco mais de dez anos, em 19 de março de 2003, os Estados Unidos invadiram o Iraque e deram início a uma das guerras mais caras, polêmicas e desastrosas de sua história, que durou nove anos.

 

A invasão foi deflagrada durante o governo de George W. Bush (2001-2009), um ano e meio após os ataques do 11 de Setembro. O objetivo era eliminar um suposto arsenal de armas de destruição em massa – que nunca foi encontrado – e acabar com a ditadura de Saddam Hussein, um dos líderes mais violentos do Oriente Médio.

 

Saddam foi deposto em 2003 e executado três anos depois. Mas os militares americanos permaneceram no Iraque para manter a segurança e formar um governo democrático que representasse as diferenças étnicas e religiosas do país. O que se seguiu foi uma guerra civil entre milícias xiitas e sunitas, cujo período mais violento durou até 2007.

 

As tropas americanas foram retiradas em 2011, como cumprimento de uma promessa de campanha do presidente Barack Obama. Passados dez anos, a economia iraquiana está melhor do que na época de Saddam, mas a democracia ainda é frágil e as instituições políticas, instáveis.

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