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Evolução humana - Fóssil fornece novas pistas sobre a origem da espécie

José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Até um século e meio atrás, a explicação para a origem do homem era religiosa: a espécie humana havia sido criada à imagem e semelhança de Deus. Essa ideia começou a ruir quando Charles Darwin (1809-1882) formulou a teoria da evolução das espécies, segundo a qual o homem, assim como todos os seres vivos, é resultado de um longo processo evolutivo.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Quando publicou Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida, em 1859, Darwin evitou falar na evolução do homem. O livro tratava das mudanças sofridas por diferentes organismos para se adaptarem ao meio ambiente e sobre o surgimento de novas espécies. As ideias de Darwin já eram escandalosas o suficiente para os padrões vitorianos da época. Por isso, ele quis evitar um confronto ainda maior com os dogmas religiosos, o que aconteceria se aplicasse sua teoria à espécie humana.

A ousadia coube a seu maior discípulo, Thomas Henry Huxley (1825-1895), que concluiu, de acordo com a teoria da evolução, que o homem descendia de primatas. Anos depois, Darwin publicou A descendência do homem (1871), em que afirmava que nossos parentes mais próximos eram os gorilas e os chipanzés, e que as provas seriam descobertas na África, continente habitado por diferentes espécies de primatas.

Isso não significa que os macacos evoluem e se transformam em homens, mas que homens e macacos são descendentes de espécies em comum que deram origem a diferentes linhagens. De uma dessas linhagens surgiram os macacos, tal como existem hoje. De outra, apareceu o homem.
 

Árvore genealógica

No século 20, descobertas científicas comprovaram a teoria de Darwin. Foram encontrados fósseis de diferentes espécies primatas e, com base na análise de cadeias de DNA, foi possível traçar uma árvore genealógica da espécie humana.

Sabemos hoje que o ancestral mais antigo do homem vivia na África, há sete milhões de anos. Sabemos também que a evolução humana não foi linear, mas comportou vários chamados "galhos secos", ou seja, espécies que foram extintas no caminho. E que, além disso, diferentes espécies de homem chegaram até a coexistir na mesmo época (ver filme indicado abaixo).

Desde que o primeiro fóssil de um ancestral do homem foi encontrado na Alemanha, em 1856, três anos antes da publicação de A origem das espécies, os cientistas traçam a linha evolutiva de dois gêneros distintos de hominídeos: o Australopithecus ("macaco do sul"), que representa a transição entre o macaco e o homem, e o Homo, ou gênero humano.

Porém, há diversas lacunas nessa história. Não se sabe, por exemplo, como a espécie Homo sapiens (que pertence ao gênero Homo), da qual faz parte o homem moderno, conseguiu sobreviver em relação às demais, ou como desenvolveu o pensamento abstrato e a linguagem.

A própria origem do gênero Homo é controversa. Especialistas acreditam que ele teria se desenvolvido de uma espécie do Australopithecus, como, por exemplo, a Australopithecus afarensis, à qual pertence o fóssil "Lucy", descoberto em 1974, e a Australopithecus africanus. Mas qual seria o "elo" entre as espécies dos dois gêneros?
 

Antepassados

Uma importante peça desse quebra-cabeça foi encontrada. Cientistas anunciaram, na revista Science, de 8 de abril de 2010, a descoberta de dois fósseis de 2 milhões de anos, na África do Sul, que seriam de uma nova espécie de hominídeo, a Australopithecus sediba. Para os cientistas, essa espécie seria o elo entre uma espécie do gênero Australopithecus - a Australopithecus africanus - e espécies do gênero Homo, a Homo habilis ou a Homo erectus, que são consideradas linhagens diretas do homem atual. Seria, portanto, o "elo perdido" entre o homem e o macaco.

Os fósseis são de um jovem macho, de aproximadamente 13 anos de idade, e de uma fêmea adulta, com cerca de 30 anos. Eles foram encontrados em uma caverna localizada perto de Johanesburgo, maior cidade da África do Sul, pelo filho de 9 anos de idade do antropólogo americano Lee Berger, durante uma prospecção de fósseis. O local onde ocorreram os achados, chamado sítio de Malapa, é estudado desde 1935.

O que sustenta a hipótese dos cientistas é que os esqueletos possuem tanto características de macaco quanto de homem. A espécie tem braços longos e cérebro pequeno, como os de um macaco, e pernas compridas, pélvis robusta e dentes pequenos, como os de um humano.

A hipótese, porém, precisa ser comprovada. Para isso, os cientistas irão verificar se os fósseis apresentam traços de DNA, além de estudar o ambiente em que viviam. Outros especialistas discordam e acham que a descoberta pode ser de uma espécie de Homo extinta - e, deste modo, não seria ancestral do homem moderno, mas apenas uma prima distante.

Mesmo que os fósseis de Malapa não resolvam o mistério da origem do Homo, sua correta classificação irá acrescentar um retrato a mais no álbum de família dos primatas, o que nos permitirá conhecer mais sobre nossas origens.

Direto ao ponto

Cientistas anunciaram, na revista Science de 8 de abril de 2010, a descoberta de dois fósseis de 2 milhões de anos na África do Sul. Esses fósseis pertenceriam a uma nova espécie de hominídeo, a Australopithecus sediba. Para os cientistas, os fósseis seriam o elo entre uma espécie do gênero Australopithecus - a Australopithecus africanus - e espécies do gênero Homo, a Homo habilis ou a Homo erectus, que são consideradas linhagens diretas do homem atual.

Os fósseis seriam, portanto, o "elo perdido" entre o homem e o macaco. Os fósseis são de um jovem macho de aproximadamente 13 anos de idade e de uma fêmea adulta, com cerca de 30 anos. Os esqueletos possuem tanto características de macaco quanto de homem. Têm braços longos e cérebro pequeno, como os de um macaco, e pernas compridas, pélvis robusta e dentes pequenos, como os de um humano. A hipótese gerou controvérsias no meio científico e precisa ser comprovada.

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