EUA e Oriente Médio - Obama defende criação de Estado palestino
O presidente Barack Obama surpreendeu autoridades ao defender, em pronunciamento no último dia 19 de maio, a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras definidas em 1967.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Foi a primeira vez que um presidente norte-americano manifestou apoio aos palestinos nesses termos. Há décadas os árabes lutam por um Estado independente em regiões ocupadas por Israel após a Guerra dos Seis Dias.
Mas, por que os Estados Unidos aparentemente mudaram o tom nas negociações de paz entre Israel e os palestinos? Por que as fronteiras pré-1967 causam tanta polêmica?
Primeiro, é preciso entender um pouco a história do conflito no Oriente Médio. Ela se resume a uma disputa violenta por territórios e recursos naturais.
No século 19, colonos judeus foram incentivados a migrarem da Europa para a Palestina. O objetivo era constituir o Estado de Israel. Porém, os árabes já habitavam a região há séculos.
Durante a perseguição nazista aos judeus, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo migratório se intensificou.
Em 1947, a ONU (Organização das Nações Unidas) propôs a divisão da Palestina entre árabes e judeus, em dois Estados independentes. Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, foi colocada sob controle internacional, para evitar conflitos. Os árabes não aceitaram o acordo e, no ano seguinte, Israel se tornou um Estado independente.
A tensão entre Israel e países árabes culminou na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ao fim dos combates, os israelenses assumiram o controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, então pertencente à Jordânia, da Faixa de Gaza e da Península do Sinai, domínios do Egito, e das Colinas de Golã, território da Síria.
Os árabes que viviam nessas terras foram expulsos ou se retiraram para campos de refugiados. Os judeus, incentivados pelo governo, começaram a criar assentamentos em Gaza e na Cisjordânia.
Nos anos seguintes, ocorreram outras guerras, massacres, atentados terroristas pelo mundo e revoltas nos territórios ocupados. A Península do Sinai foi finalmente devolvida ao Egito em 1982, e a Faixa de Gaza, entregue aos árabes em 2005.
Terrorismo
A proposta de retorno às fronteiras anteriores a 1967 significa que Israel teria que desocupar os assentamentos da Cisjordânia, onde vivem cerca de 300 mil judeus (e 2,5 milhões de palestinos). E teria também que abrir mão de Jerusalém Oriental, que os palestinos querem transformar na capital de seu Estado.
Essa reivindicação das nações árabes tem respaldo na Resolução 242 da ONU, de 1967, que determina a desocupação das áreas palestinas. O documento, contudo, nunca foi seguido por Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considera que, tanto a remoção dos assentamentos israelenses da Cisjordânia quanto a devolução de Jerusalém Oriental aos árabes - dividindo novamente a capital em duas -, colocaria Israel em risco de atentados terroristas.
Seria como alugar um quarto em casa para o pior inimigo. O argumento é de que, quando as tropas israelenses deixaram Gaza, em 2005, o Hamas passou a atirar mísseis contra o lado israelense da fronteira.
Portanto, o governo dos Estados Unidos, aliado histórico de Israel, sabe que o retorno às fronteiras de 44 anos atrás é irreal. E nem foi isso que o presidente Obama quis dizer em seu pronunciamento, repudiado pelo premiê israelense.
Na verdade, Obama defendeu a formação de um Estado palestino com base nas fronteiras acertadas pela ONU, em 1967, com ajustes à realidade atual de ambos os povos. Ou seja, os colonos judeus não teriam que efetivamente deixar as regiões ocupadas, apenas o governo teria de negociar a cessão de terras com os palestinos.
Na prática, nada mudou. A intenção do presidente norte-americano foi mais tática. O objetivo era conter a iniciativa da Autoridade Nacional Palestina de buscar na Assembleia da ONU, em setembro, o reconhecimento unilateral para o Estado palestino, isolando Israel. A posição americana visa chamar os árabes de volta à mesa de negociações com os judeus.
Em discurso no Congresso americano no dia 24 de maio, Netanyahu enfatizou sua posição contrária em relação às fronteiras de 1967. Ele também disse que Jerusalém não será dividida com os palestinos.
O primeiro-ministro citou ainda que o obstáculo para novos acordos é a aliança da Autoridade Palestina com o Hamas, grupo considerado terrorista que prega a destruição do Estado israelense.
Os empecilhos, de fato, são mútuos: do lado palestino, o radicalismo do Hamas, e do lado israelense, a insistência da direita, representada pelo premiê, de não abrir mão da "terra santa".
Direto ao ponto Um pronunciamento do presidente Barack Obama no último dia 19 de maio surpreendeu autoridades no mundo e provocou reações contrárias em Israel. Ele defendeu a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras anteriores a 1967. Nesse ano, após a Guerra dos Seis Dias, Israel anexou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, então pertencentes à Jordânia, a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, domínios egípcios, e as Colinas de Golã, que faziam parte da Síria. Desde então, os palestinos reivindicam essas terras para a formação de um Estado independente, conforme estabelecido pela ONU em 1947. Acordos devolveram a Península do Sinai ao Egito, em 1982, e a Faixa de Gaza aos palestinos, em 2005. Mas 300 mil colonos israelenses mantêm assentamentos na Cisjordânia, e o governo de Israel considera Jerusalém - que os palestinos querem para ser sua capital - indivisível. O discurso de Obama, na verdade, teve o objetivo de impedir que a Autoridade Palestina reivindique na ONU, em setembro, o Estado da Palestina, sem negociar com Israel. Em discurso no Congresso americano no dia 24 de maio, o premiê Benjamin Netanyahu disse que a aliança da Autoridade Palestina com o Hamas, que prega a destruição de Israel, impede a discussão de novos acordos. |
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