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Eleições 2010 - Dilma é primeira mulher eleita presidente no Brasil

José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Sob a égide do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a economista Dilma Rousseff (PT) se tornou a primeira mulher eleita presidente na história do Brasil. Ela obteve 56% dos votos válidos no segundo turno, no dia 31 de outubro, contra 44% do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Agora, a presidente tem pela frente os desafios de governar um país emergente, que pode vir a ser uma das cinco maiores economias do mundo, mas que ainda enfrenta graves distorções sociais e regionais.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A vitória da petista se deve, especialmente, à popularidade do presidente que atuou como principal cabo eleitoral da campanha de Dilma. Ela foi escolhida por Lula como candidata depois que o escândalo do "mensalão" derrubou a cúpula do partido, em 2006.

O maior mérito da campanha, portanto, é do próprio presidente. Após oito anos de governo, ele não somente conseguiu eleger sua sucessora no cargo como terminará o mandato como o governante mais bem avaliado desde a redemocratização do país. Sua gestão foi marcada por avanços sociais inéditos, como a ascensão de 32 milhões de brasileiros à classe média, e por casos de corrupção envolvendo o PT.

A disputa presidencial foi a sexta desde o fim do regime militar (1965-1985) e a primeira sem a participação de Lula como candidato. A campanha foi pontuada por escândalos, ataques pessoais, boatos na internet, debates religiosos e a neutralidade da candidata Marina Silva (PV), terceira colocada no primeiro turno.

Um dos episódios mais polêmicos envolveu uma suposta agressão sofrida por José Serra durante uma caminhada em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Ele teria sido atingido na cabeça por um rolo de fita adesiva, em meio a uma briga entre militantes tucanos e petistas. Outros destaques foram as denúncias de corrupção contra Erenice Guerra, sucessora de Dilma na Casa Civil, e contra Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ligado a José Serra.
 

Estreante

Dilma é uma estreante nas urnas. Antes dela, o único candidato que conseguiu se eleger presidente sem ter disputado uma única eleição foi o marechal Eurico Dutra, em 1945, com o apoio de Getúlio Vargas.

Conhecida por ser rígida, exigente e dedicada ao trabalho, Dilma, por outro lado, contava com pouco carisma junto ao eleitorado. Sua candidatura começou a ser construída em 2008 dentro do governo. No Planalto ela ocupou os cargos de ministra de Minas e Energia (2003-2005) e, após a queda de José Dirceu, de ministra-chefe da Casa Civil. O carro-chefe da campanha foi o vínculo da candidata com programas do governo, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Luz para Todos. O primeiro, lançado em 2007, é um pacote de investimentos em infraestrutura que visa melhorar a economia. O segundo, criado em 2003, teve como objetivo levar luz elétrica à zona rural.
 

Mulheres

Ao ser eleita presidente, Dilma Rousseff entrou para um grupo seleto de mulheres que ocupam cargos políticos de liderança no mundo. Hoje, 17 mulheres possuem o título de presidente ou primeira-ministra de um total de 192 nações, segundo o estudo "As Mulheres do Mundo", da Organização das Nações Unidas (ONU)

Entre as principais lideranças femininas está a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a menos conhecida Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria e a primeira eleita no continente africano. Na história, entre as mais famosas estavam a primeira ministra britânica Margaret Thatcher, a "dama de ferro" que governou o Reino Unido de 1979 a 1990, e Indira Gandhi, primeira ministra indiana.

Na América Latina, Dilma será a 11ª mulher a chegar à Presidência. Dos 33 países latino-americanos, nove tiveram mulheres à frente do Executivo: Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, Guiana, Haiti, Panamá e Nicarágua. Oito delas foram eleitas e três cumpriram o cargo interinamente.

Na Argentina, duas mulheres já foram presidentes. Maria Estela Martinez de Perón, a "Isabelita" Perón, foi a primeira. Ela assumiu o lugar do marido morto, do qual era vice, em 1974. Já Cristina Kirchner sucedeu o marido, Nestor Kirchner, e é a atual presidente do país. Outra presidente de destaque na região foi Michelle Bachelet, no Chile.

A costarriquenha Laura Chinchilla, eleita este ano, é uma das três mulheres (junto com Kirchner e Dilma) que hoje estão na Presidência da República, na América Latina.

No Brasil, a presença feminina na política aumenta a cada eleição, mas mesmo assim o índice é pouco expressivo. A eleição presidencial deste ano trouxe, pela primeira vez, duas mulheres entre os candidatos mais voltados: Dilma Rousseff e Marina Silva. Anteriormente, concorreram ao cargo Lívia Maria Pio de Abreu, em 1989 (17.º lugar), e Heloísa Helena, em 2006 (3.º lugar).

Para o Congresso foram eleitas este ano oito senadoras - aumentando para 12 o total de parlamentares do sexo feminino no Senado (num total de 81 senadores) - e 43 deputadas federais, sendo que duas candidatas ficaram entre os cinco parlamentares mais votados no país. O índice, porém, é um dos mais baixos no cenário mundial.
 

Copa do Mundo

A nova presidente terá importantes desafios pela frente para consolidar o Brasil como potência econômica. Entre eles, manter a estabilidade econômica, herança do Plano Real, e ampliar as conquistas na área social, legadas pela era Lula.

No caminho da petista há dois megaeventos que exigirão investimentos em infraestrutura: a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016 (que, apesar de ocorrerem em outro governo, irão demandar uma preparação no mandato de Dilma). Para isso, será preciso ampliar, por exemplo, os aeroportos do país, para receber atletas e turistas.

Especialistas indicam também a necessidade de se fazerem duas reformas: uma na previdência, ou seja, nas aposentadorias, e outra no sistema tributário, referente aos impostos. A primeira é necessária para impedir que o Brasil fique na mesma situação insustentável da Europa, onde o envelhecimento da população vem causando prejuízos aos cofres públicos. A segunda reforma deve corrigir os altos impostos pagos no país, que dificultam, por exemplo, o aumento de empregos formais.

No campo político, Dilma terá que fazer um governo independente do presidente Lula, cujo papel, a partir de 1º de janeiro de 2011, quando passará a faixa presidencial para sua sucessora e herdeira política, ainda é uma incógnita.

Direto ao ponto

A economista Dilma Rousseff (PT) se tornou a primeira mulher eleita presidente na história do Brasil. Ela obteve 56% dos votos válidos no segundo turno, no dia 31 de outubro, contra 44% do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). A vitória da petista se deve, em grande parte, à popularidade do presidente Lula. O presidente atuou como o principal cabo eleitoral da campanha de Dilma e conseguiu transferir para ela parte de sua popularidade recorde entre os brasileiros.

A disputa presidencial foi a sexta desde o fim do regime militar (1965-1985) e a primeira sem a participação de Lula como candidato. A campanha foi marcada por escândalos, ataques pessoais, boatos na internet, debates religiosos e a neutralidade da candidata Marina Silva (PV), terceira colocada no primeiro turno. Dilma nunca havia disputado uma eleição antes. Durante a ditadura, ela foi militante de movimentos políticos de esquerda, e depois presa e torturada. Exerceu cargos políticos em governos no Rio Grande do Sul antes de entrar para o governo Lula em 2002. No Planalto, foi ministra de Minas e Energia (2003-2005) e ministra-chefe da Casa Civil.

Em todo o mundo, apenas 17 mulheres exercem funções de presidente e primeira-ministra, segundo o estudo "As Mulheres do Mundo", da Organização das Nações Unidas (ONU). Na América Latina, ela será a 11ª mulher a ocupar o cargo de presidente. Entre os desafios do novo governo está o investimento em infraestrutura, para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, e as reformas na previdência e no sistema tributário. Dilma precisa ainda avançar na economia e nos programas sociais do governo, além de governar com autonomia do presidente Lula.

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