Demografia - Brasil sobe uma posição no IDH, mas ainda é um país desigual
Um relatório da ONU divulgado em julho deste ano relata que o Brasil passou da 80ª para a 79ª posição no ranking anual de desenvolvimento, medido pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Em 2012, o IDH do Brasil era de 0,742. Em 2013, o índice subiu para 0,744 - passando da 80ª para a 79ª posição, em uma lista de 187 países analisados pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Com escala de 0 a 1, o IDH é uma medida que avalia o progresso de um país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda (renda média per capita), saúde (expectativa de vida ao nascer) e educação (taxas de alfabetização de adultos e matrícula em todos os níveis de ensino). Quanto mais próxima de 1, melhor a situação do país.
A primeira colocada no ranking foi a Noruega, com IDH de 0,944. Em seguida aparecem Austrália, Suíça, Holanda, Estados Unidos, Alemanha, Nova Zelândia, Canadá, Cingapura e Dinamarca, todas com desenvolvimento muito elevado. Já a pior colocação ficou para o Níger, com apenas 0,337.
Mecanismo do IDH
O mecanismo do IDH foi criado em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq e pelo economista indiano Amartya Sem, que ganharia o Prêmio Nobel de Economia de 1998. O objetivo era que o Pnud conseguisse medir o bem-estar de um país e não apenas o seu crescimento econômico e PIB (Produto Interno Bruto).
O PIB mede a base de uma economia e considera apenas o crescimento econômico, a soma das riquezas produzidas por um país. Já o IDH analisa outras dimensões importantes, que destacam a qualidade de vida de um povo e seu desenvolvimento social.
O atual IDH do Brasil de 0,744 é composto por dados como expectativa de vida de 73,9 anos, renda per capita anual de US$ 14.275 por ano e escolaridade média de adultos de 7,2 anos.
Apenas 38 nações melhoraram no ranking no último ano. Para a ONU, isso seria o reflexo da desaceleração do crescimento global devido à crise financeira que começou em 2008.
Apesar disso, o IDH brasileiro é superior à média da América Latina e do Caribe (0,740) e ao IDH calculado para os países de Alto Desenvolvimento Humano (0,735), grupo do qual o Brasil faz parte. Mas em relação aos países vizinhos da América do Sul, estamos atrás do Chile (41º), da Argentina (49º) e do Uruguai (50º).
Melhoras
O IDH brasileiro apresentou melhoras consistentes da condição de vida das pessoas nos últimos 30 anos. O índice aumentou 36,4% desde 1980. Entre 1991 e 2010, por exemplo, a renda per capita mensal dos brasileiros teve um ganho de R$ 346,31, e a expectativa de vida cresceu 14% no país.
O relatório de Desenvolvimento Humano 2013 do Pnud afirma que, no caso do Brasil, o aumento substancial do índice foi puxado por algumas variáveis como a estabilidade econômica e a implementação de programas de saúde pública, educação e assistência social.
São exemplos a criação do SUS (Sistema Único de Saúde), o aumento do salário mínimo e a implementação de programas de inclusão social e distribuição de renda, como o Bolsa Família e o Prouni (Programa Universidade para Todos).
O texto também avalia que o progresso de uma sociedade não depende apenas de uma melhoria média do IDH e que a redução da desigualdade é um componente fundamental para o desenvolvimento local.
Desigualdade
Em 2010, o Pnud criou o IDH-D (Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade), um indicador para avaliar a desigualdade e que considera, além da média de desenvolvimento, as diferenças nos indicadores de renda, educação e saúde entre a população. Quanto maior a desigualdade, maior o desconto na pontuação.
A ONU calcula que se o IDH fosse considerar a desigualdade de renda, o Brasil perderia dezesseis posições no ranking e a nota alcançada neste último relatório, de 0,744, cairia para 0,542.
Para a ONU, a redução contínua da desigualdade requer uma mudança nos padrões de crescimento para que eles sejam mais inclusivos - baseados em políticas redistributivas e mudanças em normas sociais.
O mundo hoje está mais desigual. Segundo o Pnud, cerca de 40% da riqueza do mundo estão concentrados nas mãos de 1% da população mundial mais rica. A avaliação faz parte do relatório “Humanidade Dividida: Confrontando a desigualdade nos países em desenvolvimento”, divulgado no começo deste ano.
O estudo destaca que no Brasil, onde a desigualdade de renda tem acompanhado a história do país desde os tempos coloniais, o Índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu substancialmente em uma década, passando de 54,2 para 45,9. Quanto mais o valor se aproxima do zero, menor a diferença.
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