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Copa do Mundo 2014 - Fim de jogo para Ricardo Teixeira

José Renato Salatiel

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Envolvido em denúncias de corrupção, Ricardo Teixeira deixou a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no último dia 12 de março, a quase dois anos da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Foram 23 anos à frente da entidade, acumulando vitórias (e fracassos) com a seleção brasileira e acusações de envolvimento em esquemas de corrupção. Teixeira também deixou o Comitê Organizador Local da Copa 2014 (COL).

Oficialmente, o cartola alegou motivos de saúde. Mas enfrentava uma pressão cada vez maior para que renunciasse ao cargo, inclusive oriunda do governo de Dilma Rousseff, onde o homem-forte do futebol brasileiro não encontrava o mesmo respaldo que tinha na gestão anterior. Para a presidente, a saída de Teixeira era essencial para garantir transparência na organização da Copa e, dessa forma, prevenir mais desgastes da imagem do Brasil no exterior, já prejudicada pelos atrasos nas obras de reforma e construção de estádios e aeroportos.

Mesmo assim, a mudança na CBF não virá de imediato, pois os cargos de presidência, tanto da entidade quanto do COL, foram assumidos por José Maria Marin, que é visto como um continuador do modelo administrativo de Teixeira. Marin foi governador de São Paulo na época da ditadura militar e presidente da Federação Paulista de Futebol. O mandato vigente termina em 2015.

Nos últimos anos, a combinação entre futebol e esquemas de corrupção vem causando impactos negativos dentro e fora do campo. O marketing em torno da seleção brasileira se tornou um negócio lucrativo que não refletiu na modernização dos clubes, que hoje perdem em profissionalismo e eficiência para os times europeus. A própria seleção caiu em descrédito entre os torcedores e no ranking da Federação Internacional de Futebol (Fifa).

No centro da polêmica estava Teixeira, que chegou ao comando da CBF em 1989 com o apoio do ex-sogro e presidente de honra da Fifa João Havelange. Nos anos seguintes, o Brasil ganhou duas das cinco Copas que disputou: a de 1994, nos Estados Unidos, e o pentacampeonato de 2002, no Japão.

Mas foram as manobras nos bastidores, mais do que as derrotas em campo, que o levaram a ser malvisto perante a opinião pública.

Segundo o Ministério Público Federal, Teixeira recebeu propinas milionárias de empresas europeias em troca de contratos de transmissão exclusiva de jogos da Copa, nos anos 1990. Na Copa de 1998, foi investigado por fraudes em contratos da CBF com a empresa Nike. Ele também é suspeito de envolvimento em caso de desvio de verbas públicas na organização de um amistoso entre Brasil e Portugal, realizado em 2008 em Brasília.

Talvez o episódio mais conhecido seja o do avião “recheado” de muamba trazida pela delegação e pelos atletas brasileiros no retorno da Copa de 1994, nos Estados Unidos. O escândalo empalideceu a vitória da seleção de Dunga e Romário.

O cartola ainda foi alvo de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) do Congresso Nacional. Ele nega todas as acusações.


Política

A CBF é uma associação privada cuja atribuição é organizar campeonatos nacionais e gerir as seleções masculina e feminina de futebol. Um dos maiores méritos da administração de Ricardo Teixeira foi ter conseguido trazer a Copa do Mundo para o país.

Por outro lado, é o fim da “era Ricardo Teixeira” que, para analistas, estreitará veios de corrupção no decorrer da preparação do evento, como licitações fraudulentas na contratação de empreiteiras e empresas fornecedoras.

Desde o anúncio oficial da realização da Copa no país, em 2007, acumulam-se as queixas de atrasos nas obras de estádios, portos e aeroportos, assim como as dúvidas sobre os gastos públicos com a competição. Dos 12 estádios em reforma ou em construção, cinco se encontram com metade ou mais da metade do projeto concluído. Três estão abaixo dos 30%, entre eles o Itaquerão em São Paulo, previsto para sediar a cerimônia de abertura. A lentidão das reformas é maior nos aeroportos brasileiros, que receberão os turistas.

Por conta disso, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, queixou-se recentemente dos atrasos e disse que o Brasil precisava de um “chute no traseiro”. O comentário foi mal recebido pelo governo, que reclamou a substituição de Valcke como interlocutor da Fifa junto ao país.

Outro entrave é a Lei Geral da Copa, que ainda não foi votada no Congresso. Um dos pontos mais polêmicos da lei é a permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios. A liberação atenderia aos interesses de empresas patrocinadoras do evento, mas a medida contraria o Estatuto do Torcedor.

A Lei Geral da Copa traz uma série de normas referentes à realização da Copa no país. Na África do Sul, país sede dos jogos em 2010, a legislação foi aprovada com cinco anos de antecedência.

Mesmo com todos esses problemas, espera-se que a competição tenha retorno financeiro positivo para o país, na forma de “aquecimento” da indústria, comércio e turismo. Mudanças na direção na CBF representam uma esperança de que o espetáculo deixe apenas boas lembranças no povo que adotou esse esporte como paixão nacional.

Direto ao ponto

Ricardo Teixeira deixou a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local da Copa 2014 (COL) no último dia 12 de março. Ele estava há 23 anos na entidade, período em que esteve envolvido em escândalos de corrupção.

 

O cartola alegou motivos de saúde, mas a pressão para que deixasse o cargo era cada vez maior, inclusive por parte do governo. A renúncia é vista como uma medida necessária para dar mais transparência ao futebol brasileiro e à organização da Copa, já prejudicada por conta de atrasos na realização de obras de reforma e construção de estádios e aeroportos.

 

Durante a gestão de Teixeira, a seleção conquistou duas das cinco Copas que disputou: a de 1994, nos Estados Unidos, e o pentacampeonato de 2002, no Japão. O maior mérito foi ter trazido a competição para o país. Apesar disso, o envolvimento em casos de recebimento de propinas e desvios de verbas públicas tornaram insustentável a permanência do dirigente.

 

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