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Tom Jobim - Compositor levou MPB ao mundo

Gilberto Gasparetto, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A história é conhecida. O garçom do bar Veloso, em Ipanema, chega esbaforido até a mesa e avisa: tem um gringo no telefone. Alguns dias depois, Tom Jobim está nos Estados Unidos, longe do chope com os amigos e das praias do Rio de Janeiro, gravando com aquele que é considerado o maior cantor do planeta, fã inconteste do talento do brasileiro: Frank Sinatra.

Quando Sinatra, já no estúdio, elogiava entusiasmado a bela e sutil melodia de "Dindi", naquele ano de 1967, estava reverenciando um mestre. Tom Jobim foi um dos maiores criadores de canções que o Brasil já teve e por essa razão Sinatra convidou-o para gravarem juntos.

A qualidade do compositor de "Desafinado" (com Newton Mendonça) foi imediatamente reconhecida nos Estados Unidos, desde o surgimento da bossa nova, em 1958.



Reconhecimento gradativo

No Brasil, o reconhecimento do talento de Antônio Carlos Jobim foi lento e gradativo, passando por vários percalços, que iam da simples ignorância e preconceito de críticos e jornalistas, a acusações de plagiário e deturpador da música brasileira mais "autêntica", o samba. "Carrego nas costas a cangalha de fazer música brasileira e ficam me acusando de querer ser estrangeiro", reclamou na época Tom Jobim.

Se "Wave" é tema da novela das oito ("Páginas da Vida"), isso mostra que a obra do maestro tem hoje uma projeção nacional que nunca teve antes. Tom Jobim morreu em 8 de dezembro de 1994.

Ao longo dos anos que se passaram após sua morte, são incontáveis as gravações, homenagens, shows, programas especiais de rádio e TV e concertos que aconteceram para celebrar o autor de "Garota de Ipanema" (com Vinicius de Moraes).



Características da música de Tom Jobim

A música de Tom Jobim não é fácil. Os elementos que a constituem, melodia, harmonia e ritmo, são sempre elaborados, mas nunca cerebrais. A melodia da canção parece estar sempre bem aconchegada nos acordes dissonantes e nas sutilezas rítmicas que o maestro construiu, alimentado por influências tão díspares como os franceses Chopin e Debussy, jazzistas americanos e, principalmente, nomes fundamentais da música brasileira como Villa-Lobos, Pixinguinha, Ary Barroso, Radamés Gnatalli e Dorival Caymmi.



Ritmo brasileiro

Em suas muitas viagens aos Estados Unidos, Tom gravou vários discos. Apesar de trabalhar com músicos americanos e arranjadores famosos, como Nelson Riddle e Claus Ogerman, ele fazia questão de contar com uma "cozinha" brasileira", que é a seção rítmica. O baterista, principalmente, devia ser brasileiro.

Os músicos brasileiros sempre foram prestigiados pelo mestre: "Que assombro ver um país musical como o nosso, mas onde os músicos não conseguem viver dignamente", ele dizia, referindo-se, evidentemente, a questões financeiras.

As inovações da música de Tom Jobim não se limitavam ao acompanhamento, harmonização e ritmo. Tom compunha com sofisticação e despojamento. Com genial simplicidade, construída a partir de minúcias e detalhes. Como em "Sabiá" (com Chico Buarque) e "Águas de Março", além de dezenas de outras obras-primas, que incluem peças eruditas e trilhas para filmes.

Os americanos não foram atraídos por nenhum exotismo, como aconteceu com Carmen Miranda. Eles ficaram encantados com aquela nova música, moderna, inspirada, bem construída. Brasileira, que se espalhou e influenciou o mundo inteiro.

Visite o site oficial Tom Jobim no UOL Personalidades.

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