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Timor Leste (1) - ONU tenta encontrar solução para a ex-colônia portuguesa

Cinilia T. Gisondi Omaki e Maria Odette Simão Brancatelli

O bispo católico Carlos Belo e o porta-voz da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), Ramos-Horta, Prêmio Nobel da Paz em 96, buscavam uma solução justa e pacífica para a autodeterminação do Timor Leste, ex-colônia portuguesa anexada à Indonésia em 1976.

Em certa ocasião, o bispo Belo afirmara que seu país era " terra queimada. Na cultura, na identidade étnica, no direito a ser povo". Os últimos acontecimentos vêm confirmar essas trágicas palavras.
Após o resultado do plebiscito de 30 de agosto, a favor da independência, desencadeou-se um massacre organizado por milícias armadas pró-Indonésia. A capital, Dili, foi destruída, forçando a população ao êxodo. Sob pressões, a Indonésia aceitou o envio de uma força multinacional, sob comando da Austrália.

A causa timorense explodiu com a queda do ditador Suharto no ano passado, vinculada à crise asiática de 97. Seu sucessor, Habibie, por razões políticas, anunciou um plebiscito para definir o destino do Timor Leste, sem consultar o Legislativo e as Forças Armadas. O arquipélago indonésio corre o risco de outras secessões, devido às centenas de etnias e aos problemas econômicos.

Os timorenses têm uma história marcada pelo domínio e resistência. No século 16 a ilha do Timor foi colonizada por Portugal, e, no 19, portugueses e holandeses dividiram-na. Após a Segunda Guerra, a Indonésia libertou-se da Holanda e ficou com a parte oeste.
A independência das colônias portuguesas só aconteceu após a Revolução dos Cravos (74), que derrubou o salazarismo. No Timor Leste, tal processo confrontou a conservadora União Democrática Timorense com a esquerdista Fretilin.

Diante da vitória da Fretilin, em 75, autoridades lusas abandonaram a ilha e, dias depois, a Indonésia invadiu e anexou a parte leste no ano seguinte.

Repressão militar e fixação de muçulmanos garantiram o domínio por mais de 20 anos, pouco questionado pela comunidade internacional durante a Guerra Fria mas intensamente combatido pela população local.
Libertado no início deste mês, o principal líder rebelde, Xanana Gusmão, planeja organizar um governo no exílio, enquanto a força da ONU tenta garantir a sobrevivência de um povo e a vontade das urnas.

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