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Santos brasileiros - Primeira canonização acontece em 2007

Manuela Martinez, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Durante muitos séculos, um fato curioso marcou a Igreja Católica brasileira. Considerado pelo Vaticano "o maior país católico do mundo", o Brasil, até maio de 2007, não tinha um santo nascido em território nacional. Em sua primeira viagem ao Brasil desde sua eleição, o papa Bento 16, sucessor de um dos mais carismáticos pontífices de todos os tempos, o polonês João Paulo 2º, canonizou o frade franciscano Antonio Galvão, que passou a se chamar Santo Antonio de Sant'Anna Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil (em Guaratinguetá, interior de São Paulo).

Na primeira semana de dezembro de 2007, Irmã Lindalva Justus de Oliveira, assassinada com 44 facadas dentro do Abrigo Dom Pedro 2º, em Salvador, na Sexta-Feira Santa de 1993, foi beatificada, o que representa um grande passo para se tornar a primeira santa nascida no Brasil.

Natural do Rio Grande do Norte, irmã Lindalva foi beatificada sem a necessidade da comprovação de um milagre, porque a Igreja Católica a considerou mártir (pelas circunstâncias de sua morte, assassinada por um ex-interno, quando se preparava para servir o café da manhã). Com a beatificação, o seu culto está autorizado em todo o território da Arquidiocese de Salvador.

O último passo para Irmã Lindalva ser considerada santa é a canonização. Para que isso aconteça, é preciso a comprovação de um milagre ocorrido após a beatificação. Ao contrário do beato, o santo pode ser cultuado universalmente.



Etapas da canonização

Antigamente, somente o papa podia promover uma causa de canonização. Com as mudanças ocorridas na Igreja Católica, os bispos também ganharam autoridade para fazê-lo, o que significa que em qualquer diocese o processo pode começar. Para cada caso é necessária a escolha de um postulador, espécie de advogado, que tem a tarefa de investigar detalhadamente a vida do candidato.

Quando a causa é iniciada, o candidato recebe o título de "servo de Deus", que é o caso de Irmã Dulce (até dezembro de 2007, a freira baiana ainda não havia sido beatificada). O primeiro processo é o das virtudes ou martírio. Este é o passo mais demorado, porque o postulador deve investigar todos os detalhes da vida do "servo de Deus".

No caso de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte, para comprovar se houve realmente o martírio. Preenchendo todos os requisitos exigidos pela Igreja Católica, a pessoa é considerada venerável. O segundo processo é o milagre da beatificação. Depois, mais um milagre para a canonização.



Padre Anchieta e madre Paulina

Um dos processos mais demorados de beatificação foi o do padre espanhol José de Anchieta, que viveu muitos anos e morreu no Brasil. O processo de beatificação de Anchieta, um dos principais catequizadores de índios brasileiros, se arrastou por mais de 300 anos, até ser reconhecido pelo papa João Paulo 2º.

Cinco anos antes da canonização do frei Galvão, a Igreja Católica já havia reconhecido uma santa brasileira (embora não tenha nascido no país). Quando tinha 10 anos, a italiana Amábile Lúcia Visintainer foi morar com os pais e irmãos em Santa Catarina. Com a ajuda de amigas, fundou uma congregação, passou a dedicar especial atenção aos doentes e mudou seu nome para Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

Em 1933, o papa Pio 11 assinou o decreto de louvor reconhecendo a importância de sua obra de caridade. O processo de canonização de madre Paulina começou em 1965. Dois milagres foram confirmados pelo Vaticano, para que o processo fosse concluído. No dia 19 de maio de 2002, foi canonizada pelo papa João Paulo 2º.

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