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Retorno a Bagdá - Após 30 anos, curdos voltam ao Iraque

Roberto Candelori, Folha de S.Paulo

Perseguidos durante mais de 30 anos pelas forças de Saddam Hussein, os curdos finalmente puderam retornar a Bagdá. Pretendem participar do governo democrático do Iraque.

Inimigos históricos, a União Patriótica do Curdistão (PUK) e o Partido Democrático do Curdistão (KDP), grupos curdos do Iraque, decidiram somar forças para garantir participação no futuro governo pluralista.

Próximos de uma nova tentativa, é oportuno recordar que o povo curdo já viveu uma breve experiência como Estado soberano. Sustentados pela URSS, os curdos proclamaram, após a Segunda Guerra Mundial, a República de Mahabad no Irã, que durou cerca de 11 meses, até serem derrotados pelo Exército iraniano.

Novamente, depois da Guerra do Golfo, em 1991, os curdos gozaram de relativa autonomia, quando, por determinação da ONU, o norte do Iraque foi transformado numa "zona de exclusão".

Na ocasião, sob a proteção de forças inglesas e americanas, temiam ataques iraquianos, principalmente depois que forças leais a Bagdá utilizaram armas químicas contra a população curda de Halabjas, exterminando milhares de pessoas em 1988.

Estima-se que o povo curdo chegue a 25 milhões de pessoas, a maior parte dele abrigado na Turquia (cerca de 12 milhões), no Irã (4,8 milhões) e no Iraque (4,4 milhões). Maior grupo étnico sem Estado no mundo, sonhava erguer o Curdistão sobre o colapso do regime de Saddam Hussein.

Mas, com receio de que um Curdistão independente desestabilizasse toda a região, Washington desencorajou os dirigentes curdos. Sonho adiado: em vez de independência, mais uma vez autonomia. Resta saber se os 12 milhões de curdos da Turquia concordam com esse desenlace.

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