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PIB (1) - Brasil cresce só 2,3% em 2005; saiba o que isso significa

Cláudio Mendonça, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) às vésperas do Carnaval (24/02) de 2006 apontam um crescimento anual da economia brasileira menor do que o esperado.

Em 2005, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 2,3%, indicando uma desaceleração em relação a 2004, quando a economia do país registrou expansão de 4,9%.

O resultado do PIB brasileiro em 2005 ficou abaixo da última estimativa feita pelo Banco Central, que era de expansão de 2,6% na economia. Segundo o IBGE, o resultado ficou próximo à média de crescimento dos últimos 10 anos, de 2,2%.

Crescimento lento
Antes da divulgação oficial do PIB brasileiro de 2005, a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) previa um crescimento médio do PIB em torno de 4,3%, para o conjunto dos países da América Latina (incluindo o Caribe). O resultado do Brasil ficou bem abaixo da média da região. Os países que já divulgaram resultados, a exeplo da Argentina (9,1%), Venezuela (9,0%) e México (3,0%), confirmaram os prognósticos da Cepal, que previa para o Brasil uma alta de 2,5%.

Esses dados são decorrentes de medidas econômicas adotadas que privilegiaram o pagamento da dívida pública, o controle da inflação através da manutenção de elevadas taxas de juros e restrição de investimento governamental em setores de infra-estrutura. Somam-se a isso, a valorização do Real, que impediu um melhor desempenho das atividades exportadoras - especialmente o agronegócio -, e a crise política que se arrastou por todo o ano de 2005.

Os Estados Unidos, a maior economia do planeta, chegaram ao final de 2005 com um PIB de U$S 11.2 trilhões, mas com um crescimento de 3,5% em relação ao ano de 2004. Não é desprezível, mas foi também abaixo das expectativas projetadas para o ano.

Excluindo a China, que tem registrado taxas de crescimento contínuas e elevadas há três décadas (por volta de 10% ao ano), é natural que as grandes economias do mundo cresçam mais lentamente, pois esse crescimento é calculado sobre valores extremamente elevados. Para se ter uma ideia: a soma das economias dos sete países de maior PIB representa uma fatia de aproximadamente 70% do PIB mundial. O resto do mundo fica com os 30% restantes.

O que é PIB
O PIB é a soma anual de todas as atividades produtivas (bens e serviços) realizadas dentro do país. Ele representa o desempenho econômico de uma nação, independentemente da nacionalidade das empresas e das remessas de lucros feitas por elas ao exterior. Só não são contabilizadas no PIB as rendas obtidas em atividades externas por empresas que atuam fora das fronteiras nacionais e as rendas e salários de pessoas que trabalham no exterior.

Taxa positiva do PIB é indicador de que a economia está em crescimento, embora nem sempre o suficiente para gerar emprego e elevar a renda média da população. Taxa próxima de zero, como ocorreu no Brasil em 2003 (0,5%), revela uma situação de estagnação econômica. Abaixo de zero é um claro indicador de recessão.

Ao longo do século 20, o crescimento do PIB brasileiro foi surpreendente e só esteve abaixo do Japão. A partir das duas últimas do século 20, o Brasil perdeu esse dinamismo. Hoje a economia brasileira cresce abaixo da média mundial, mais abaixo ainda das taxas conquistadas pelos principais países emergentes, como China, Índia, Argentina, Chile e Venezuela. Todos eles com taxas superiores a 6% ao ano.

Distorções
Valor absoluto e taxa de elevação do PIB são referenciais importantes de desempenho econômico, mas não servem para medir o nível de desenvolvimento do país. Embora o crescimento econômico seja a base necessária à melhoria da qualidade de vida da população, não é condição suficiente.

O desenvolvimento está associado à forma como os frutos do crescimento são distribuídos socialmente e aos impactos positivos que manifestam na sociedade e no ambiente.

Além disso, o PIB não é o reflexo apenas do lado construtivo da economia de um país. Nele também são somadas mazelas, tragédias e desperdício. Cada vez que um cidadão acelera o seu automóvel ele está contribuindo para elevar o PIB. Melhor ainda se ele bater o carro e tiver despesas com funilaria e pronto socorro. Neste caso, quanto maior o acidente melhor para o PIB. Na sua contabilidade entra tudo e, por essa razão, são omitidos os custos ambientais, os problemas sociais e o desperdício tão necessário à sociedade de consumo.

O PIB passou a ser utilizado a partir da Segunda Guerra Mundial como instrumento para medir a situação e o crescimento econômico dos países e, por algum tempo, o PIB per capita (PIB dividido pela população do país) transformou-se em importante indicador de qualidade de vida. Desde a década de 1990, a ONU utiliza um índice mais abrangente para avaliar a qualidade de vida: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Além da variável econômica, o IDH considera também a longevidade e a escolaridade.

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