Ministério do Meio Ambiente - Órgão sempre enfrentou problemas para exercer sua função
Considerado por muitos organismos internacionais como nação em que prevalecem a corrupção, impunidade, a violência, as doenças tropicais e a desigualdade social, o Brasil também é conhecido no mundo como um país que não dá a devida atenção à preservação do meio ambiente. De fato, as estatísticas relacionadas à questão depõem efetivamente contra o Estado brasileiro.
Em 2007, um relatório apresentado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) mostrou que o Brasil foi o país da América do Sul que apresentou a maior perda real da área de florestas nos últimos anos. O relatório mostra que, entre 2000 e 2005, fomos responsáveis por 74% de todo o desmatamento da América do Sul.
Em números absolutos, dos 44 mil quilômetros quadrados destruídos no continente, ao menos 31 mil estavam localizados no país. Ao lado da Indonésia, México e Papua-Nova Guiné, o Brasil também frequenta a seleta lista dos países que mais desmataram florestas no mundo nesse período.
Ministério do Meio Ambiente
Ainda em 1992, para coordenar a política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos, foi criado o Ministério do Meio Ambiente - que teve o seu nome alterado para Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal no ano seguinte.
Cabe a esse ministério elaborar ações para a preservação, conservação e utilização sustentável dos ecossistemas, florestas e biodiversidades, integrar o meio ambiente à produção, melhorar a qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais e executar o zoneamento ecológico-econômico.
No entanto, são inúmeros os entraves que ele enfrenta, de vez que a preservação ambiental frequentemente contraria os interesses econômicos. A ideia de um desenvolvimento sustentável ainda está longe de ter sido colocada em prática.
Para se ter uma ideia dos problemas do ministério, basta citar o número de funcionários para exercer uma rigorosa fiscalização das leis de proteção ambiental já existentes. Há apenas um fiscal para cada 2.800 quilômetros quadrados, com diversas reservas sendo invadidas a todo momento por posseiros, madeireiros e sem-terra.
Destaque internacional
O Ministério do Meio Ambiente ganhou destaque internacional no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a nomeação da militante ambientalista Marina Silva para a chefia da pasta.
Conhecida como defensora da preservação da floresta Amazônica, durante todo o período em que permaneceu à frente do ministério, a ministra não aceitou qualquer tipo de intervenção na Amazônia, floresta que é símbolo mundial da biodiversidade (pelo menos 15% dos 5 milhões de espécies de seres vivos catalogados habitam o local). O máximo que admitiu foram pequenos pólos de agricultura.
No entanto, uma outra corrente dentro do próprio do governo, que conta com a simpatia do presidente Lula, defende "mais flexibilidade" na política ambiental. Para essas pessoas, a "radicalização" em defesa do meio ambiente trava o desenvolvimento econômico do país. Segundo elas, o Brasil precisa gerar mais energia, construir estradas e aeroportos, ampliar e melhorar as malhas rodoviária e ferroviária para ampliar a oferta de emprego e continuar crescendo.
Mudança na equipe
Assim, Marina Silva não suportou as pressões do próprio governo e pediu demissão, em maio de 2008. Foi substituída pelo ambientalista Carlos Minc. Poucos dias depois de ter o seu nome confirmado pelo governo, Minc apresentou algumas propostas para reverter a imagem do Brasil no exterior em relação à preservação do meio ambiente.
De início, defendeu a implementação de três projetos para conter o desmatamento da Amazônia: diminuição do ICMS para as prefeituras da região que têm uma política ambiental correta, remuneração para os agricultores que plantarem matas ciliares e a entrada em funcionamento do Programa "Desmatamento Zero" na Amazônia.
A preocupação do ministro tem explicação. Entre 1990 e 2000, o Brasil registrou um aumento de 0,5% no índice de desmatamento. Já entre 2000 e 2005, quando a pesquisa da FAO foi fechada, o índice foi ainda maior: 0,6%, o que significa que o Brasil perdeu 3 milhões de hectares de florestas (um hectare equivale a 10 mil metros quadrados).
Mesmo com todos os problemas relacionados ao setor, o governo, entre 2002 e 2007, criou 62 reservas ambientais, medida que coloca o Brasil entre os países com o maior percentual de áreas preservadas em relação à extensão territorial. Dados do ministério revelam que este índice, no Brasil, é de 10%, inferior ao México (11,5%), Nova Zelândia (15%) e Costa Rica (26%).
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