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Jean-Marie Le Pen - Ascensão de político francês mostra desencanto

Roberto Candelori, Folha de S.Paulo

Racista, anti-semita e xenófobo, Jean Marie Le Pen causou pânico entre os franceses ao passar ao segundo turno das eleições presidenciais. O líder da Frente Nacional chegou a 17% dos votos, superando o favorito Lionel Jospin, do Partido Socialista, que obteve 16%. Jacques Chirac, da Reunião pela República, foi o primeiro com quase 20% dos votos. Deixaram de comparecer às urnas cerca de 28% do eleitorado.

Representante da extrema direita, Le Pen direciona sua metralhadora verbal contra negros, judeus e estrangeiros, principalmente os árabes. Costuma disparar frases provocativas como afirmar que as câmaras de gás foram "um detalhe na história da Segunda Guerra". Ele condena a participação do país na União Europeia, declarou ser o candidato da França contra a euroglobalização e prometeu retirar a França do Tratado de Maastricht, que fundamentou a União Europeia em 1991.

Le Pen ascendeu eleitoralmente com um discurso direcionado aos mais pobres, aos desempregados e àqueles que se queixam da segurança. Seduziu os desencantados com os partidos tradicionais e foi beneficiado pelo alto índice de abstenção. Responsabiliza os estrangeiros pela violência, pela falta de postos de trabalho e conclui que, "se não estão bem na França, o melhor é retornar a seus países".

Seu nacionalismo exacerbado atribui os problemas da França aos partidos de esquerda e à globalização. "Não sou um inimigo da Europa. Sou um partidário de uma Europa de nações", afirmou. Provocador, Le Pen representa o retorno do sectarismo, do racismo e da ameaça fascista. Traumatizada, a esquerda transformou o segundo turno num plebiscito contra a Frente Nacional. Essa significativa abstenção deixou apenas uma alternativa: votar na direita para derrotar o extremismo. A tradição democrática francesa merecia mais.

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