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Iugoslávia - População acredita no fim do governo de Milosevic

Roberto Candelori, Em São Paulo

Mais uma vez os Bálcãs sofreram o tormento de uma convulsão. Milhares de manifestantes invadiram o Parlamento em Belgrado em outubro de 2000 e exigiram que o governo de Slobodan Milosevic acatasse o resultado das eleições presidenciais que deram a vitória a Vojislav Kostunica, da Oposição Democrática Sérvia. A força da "desobediência civil" e do protesto contra a fraude eleitoral surtiram efeito, e tudo faz crer que o "reinado" de Milosevic chegou ao final.

Surgida após o conflito de 45, sob o comando do marechal Josip Tito, a Iugoslávia era formada por seis repúblicas (Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro e Macedônia) e duas regiões autônomas (Kosovo e Voivodina). Com um regime socialista ancorado no carisma de Tito, o país permaneceu coeso por mais de 30 anos. Após sua morte, em 80, e com o fracasso da presidência rotativa, o separatismo ressurge com violência, agravado pelo impacto da queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética.

Eslovênia e Croácia proclamam sua independência em 91, contra as pretensões sérvias que buscavam preservar a unidade iugoslava. Estimulada pela conquista das repúblicas do norte, a Bósnia declara sua soberania em abril de 92. Território compartilhado por sérvios, croatas e bósnios muçulmanos foi então palco de um conflito com um saldo de 250 mil mortos. A Guerra da Bósnia (92/95) -a "limpeza étnica" -só foi interrompida pela ação das forças da Otan e a assinatura do Acordo de Dayton.

Reduzida aos territórios da Sérvia, Montenegro, Voivodina e Kosovo, a nova Iugoslávia sofrerá com outro movimento separatista. Com a perda da autonomia política a partir de 89, a maioria albanesa de Kosovo cansada das arbitrariedades do regime de Belgrado, se levantará em armas. Violento e devastador, esse embate produziu um grande número de mortos e refugiados. Sob veementes protestos mundiais, houve nova intervenção da Otan, que pôs fim ao conflito.

Acusado de comandar o genocídio contra a população albanesa de Kosovo, Milosevic foi condenado pelo Tribunal de Haia. Movido pelo seu nacionalismo exacerbado, desafiou as forças da Otan e conduziu o país ao caos. Perdeu o apoio do povo e foi punido pelas urnas. No seu lugar, um outro nacionalista, Kostunica, propenso ao diálogo. Mas, quando se trata de nacionalismo, é difícil definir o limite do tolerável, afinal o novo mandatário da Iugoslávia já declarou que: "Primeiro a Sérvia, depois a democracia".

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