Imigração e emigração - Brasileiros emigram do país que já atraiu grande número de imigrantes
Nos últimos anos, diante da instabilidade político-econômica, muitos brasileiros têm deixado o país à procura de emprego. Para alguns a mudança é definitiva, mas a maioria pretende melhorar de vida e retornar.
Se hoje o caso dos dekasseguis no Japão e de brasileiros -clandestinos ou não- nos EUA e Europa ocupa espaço nos jornais, no século passado e no início deste foi diferente: o Brasil era grande pólo de atração populacional.
Na Europa da segunda metade do século 19, o aumento demográfico, as mudanças decorrentes da industrialização e os problemas causados pelas unificações italiana e alemã geraram milhares de "deserdados", que escolheram a América como destino.
Enquanto a miséria, o desemprego e o difícil acesso à propriedade fundiária provocavam a saída da Europa, a América seduzia com a promessa de trabalho e de terras, além do sonho de riqueza fácil.
No Brasil Império, era intensa a demanda por mão-de-obra para a cafeicultura em expansão no Oeste paulista, numa época em que o tráfico negreiro fora proibido. A vinda de europeus atendia, portanto, a essa necessidade, também contribuindo para a ocupação territorial e o "branqueamento da raça".
No Sul, a imigração relacionou-se a planos de colonização baseados na pequena propriedade. Italianos, alemães, poloneses e austríacos, por exemplo, dedicaram-se à criação e ao cultivo e instalaram oficinas e indústrias.
Contudo, a Lei de Terras de 1850 dificultou o acesso de imigrantes à propriedade, pois a terra só poderia ser obtida pela compra, e não mais pela doação. Por isso a imigração voltou-se, principalmente, para a grande lavoura de exportação.
O senador Vergueiro iniciou o sistema de parceria, no qual as despesas de transporte e instalação do imigrante eram financiadas pelo fazendeiro, que ainda cobrava juros. Cabia ao estrangeiro cultivar pés de café e dividir os lucros da produção. Maus tratos e o crescente endividamento causaram protestos e o fracasso do sistema.
Passou-se então à imigração subvencionada pelo Estado. O governo custeava as despesas de transporte e o fazendeiro, a sobrevivência dos imigrantes por um ano. Estes recebiam um pagamento fixo, acrescido de uma parte variável de acordo com a produtividade, podendo plantar para sua subsistência.
Italianos, espanhóis e depois japoneses, dentre outros, percorreram quase o mesmo caminho: deixaram suas pátrias, desembarcaram no porto de Santos, chegaram a São Paulo de trem, passaram alguns dias na Hospedaria dos Imigrantes e seguiram para as grandes fazendas de café no interior do Estado.
No século 20, os imigrantes transformaram a vida urbana, destacando-se no comércio e na indústria. Portugueses foram mais numerosos no Rio de Janeiro; em São Paulo, italianos, judeus, sírio-libaneses e, recentemente, chineses e coreanos.
A partir da década de 30, os efeitos da Grande Depressão e mudanças políticas fizeram diminuir as ondas migratórias. Getúlio Vargas impôs limites à entrada de estrangeiros, coerente com sua política nacionalista. Nos últimos tempos, novos fluxos dirigiram-se ao Brasil, que também passou a "exportar" trabalhadores.
O Memorial do Imigrante, inaugurado em 98, vem resgatando parte da história de São Paulo e dos imigrantes do passado, cujas bagagens trouxeram a esperança de um futuro melhor. Os emigrantes do presente levam essa mesma esperança.
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