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Grau de investimento - Entenda a classificação que o Brasil recebeu

Manuela Martinez, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Até o lançamento do Plano Real, em 1994, investir no Brasil era um negócio de alto risco. Desde a década de 1980, a inflação era enorme e os sucessivos planos econômicos não conseguiam contê-la.

Sem uma estratégia para combater a escalada inflacionária, o governo do presidente Sarney, por exemplo, recorreu a medidas consideradas populistas, como o congelamento de preços e os gatilhos salariais, reajustes de salários que disparavam automaticamente quando a alta do custo de vida atingia determinado percentual.

Não adiantou: em março de 1990, a inflação atingiu um índice histórico, de 82,4% ao mês. O país deu o calote na dívida externa por duas vezes e o governo do presidente Collor chegou a confiscar a poupança da população.

Houve mudanças no nome da moeda (cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro e cruzeiro novo), de efeito praticamente simbólico, e o poder de compra dos assalariados era cada vez menor.



Fim da inflação

Nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real trouxe uma nova realidade à economia brasileira. De cara, eliminou praticamente um dos maiores entraves ao desenvolvimento do país e permitiu uma melhor distribuição de renda, ao reduzir a inflação a níveis considerados aceitáveis.

Essa política econômica não mudou na gestão do presidente Lula e outras medidas também foram adotadas para permitir o crescimento do país e a geração de mais empregos. Por isso No dia 30 de abril de 2008, pela primeira vez em sua história, o Brasil conquistou o chamado grau de investimento, concedido pela agência Standard & Poor's.



Grau de investimento

Na realidade, o título nada mais é do que um "selo de qualidade" que sinaliza aos investidores que o país tem condições de honrar os seus compromissos. De acordo com a agência, nos últimos 15 anos, o Brasil adotou políticas econômicas responsáveis, promoveu a queda de juros e reduziu o endividamento externo.

A decisão tomada pela Standard & Poor's, a maior agência de classificação de risco do mundo, trouxe reflexos imediatos na economia brasileira. A Bolsa de Valores de São Paulo teve a maior alta nos últimos cinco anos, movimentando quase R$ 10 bilhões no dia seguinte à nova classificação. Apenas para efeito de comparação, entre janeiro e abril de 2008, a média diária de movimentação na Bovespa foi de R$ 5,9 bilhões.

Apesar da promoção, o Brasil ainda não atingiu o mesmo patamar de outros dois países da América Latina, o México e o Chile, que são considerados mais seguros para os investidores aplicarem os seus recursos. Outros países à frente do Brasil são a Rússia, a China, o Japão e os Estados Unidos, que estão no topo da tabela, com a maior nota, o que significa plena capacidade de pagar todas as suas dívidas no prazo.



Grau especulativo

É importante ressaltar também que a classificação obtida pelo Brasil já faz parte da realidade de 67 países, de um total de 117 nações avaliadas segundo os critérios estabelecidos pela agência internacional.

Além disso, outras duas grandes agências de classificação, a Fitch e a Moody's, não consideram o Brasil como grau de investimento. Para ambas, o país ainda está classificado como "grau especulativo" porque não conseguiu resolver a maioria dos seus problemas econômicos, sociais e políticos.



Benefícios para o país

A classificação brasileira aumenta a responsabilidade dos governantes porque a mesma agência que elevou a nota do país pode rebaixá-la, como aconteceu com o Uruguai que, bem antes do Brasil, recebeu a classificação de grau de investimento, mas acabou perdendo o título alguns anos depois.

A grande vantagem da promoção para grau de investimento é a captação de recursos internacionais. Com a globalização, os maiores fundos de investimentos do mundo não aplicam seus recursos em países de risco para evitar eventuais prejuízos aos acionistas. Agora, esses fundos têm o aval da maior empresa internacional de risco para transferir aplicações para o Brasil.

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