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Gorbatchov e o fim da União Soviética - Ex- presidente é um dos políticos mais importantes do século

Roberto Candelori, Especial para a Folha de S.Paulo

Figura de grande projeção na década de 80, Mikhail Gorbatchov jamais poderia supor que as reformas implementadas naquele período conduzissem à desintegração do império soviético. Defensor confesso das ideias de Lênin (líder da Revolução de 17) e dos princípios fundamentais do socialismo, o pai da perestroika não contava com a velocidade dos fatos.

Alçado ao poder após a morte de Tchernenko (85), Gorbatchov herdou não apenas o passado do terror stalinista e a falta de liberdade mas, principalmente, a estagnação econômica do período Brejnev (64/82).

Disposto a modernizar a URSS, teve que enfrentar dois desafios: primeiro, as dificuldades econômicas, visto que o modelo de planificação estatal era ineficiente. E, depois, o problema da crescente corrupção no aparelho do Estado e nas fileiras do PCUS (Partido Comunista da União Soviética).

O revolucionário projeto reformista de Gorbatchov pretendia operar uma transformação profunda na economia da URSS, introduzindo elementos da economia de mercado. A perestroika (reestruturação) desejava também aumentar a produtividade e melhorar a eficiência do trabalho.

Mas era necessário ainda quebrar a hegemonia do PCUS constituindo novas instâncias de poder oriundas da sociedade civil. Era esse o objetivo da abertura política (glasnost) dirigida para a criação de uma base social capaz de sustentar as reformas.

Mas a velha estrutura de partido único, centralizadora e totalitária, não poderia coexistir com o novo tempo de liberdades criado pela glasnost. Estava montado o cenário para uma nova revolução. Oficiais de linha dura e burocratas do partido afastaram Gorbatchov em agosto de 91, após um golpe de Estado que pretendia restaurar a "ordem" e a hegemonia do partido. Boris Ieltsin, então presidente da Rússia, comandou a resistência.

Com a reação da população, o golpe fracassou e Gorbatchov retornou a Moscou para assumir o comando de um império que não existia mais. No seu lugar surgia a CEI (Comunidade dos Estados Independentes) sob a liderança das repúblicas eslavas da antiga URSS (Bielo-Rússia, Rússia e Ucrânia). Os Estados Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) não iriam fazer parte da nova organização e em dezembro a URSS deixava de existir.

Enquanto isso, na periferia do império, começavam os movimentos de insurgência contra Moscou. Disposto a não tolerar desobediências, o velho urso Ieltsin não pouparia os rebeldes.

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