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Fé - Religião predominante de um país reflete seus aspectos culturais

Eliane Yambanis Obersteiner, Especial para o Fovest

A racionalidade que caracteriza as ações humanas, associada a uma determinada conjuntura histórica, produz justificativas éticas e morais para as escolhas que os homens realizam no decorrer da sua trajetória de vida.

Nessa perspectiva, entendemos que cultura é o modo de viver, pensar e atribuir valores, de ordem material ou espiritual. Sendo assim, a religião enquanto forma de cultura precisa ser compreendida no âmbito da tradição que preserva, e na resignificação que o momento histórico que a cultiva é capaz de imprimir, criando tonalidades e matizes que reflitam os anseios, angústias e questões dos homens.

A religião como forma de cultura é permeada por uma especificidade que a transforma em um objeto rico para a compreensão da dinâmica social -o fato de determinar a conduta e o comportamento de quem nela crê.

E a crença religiosa se satisfaz com a ausência de concretude e objetividade. Quem crê não necessita de comprovação material para crer. É parte da crença a fé no mistério, no sagrado, no universo cósmico, que se situam acima e além das questões profanas.

A crença sobrevive e se nutre da fé. E é no universo da fé que os homens buscam as explicações para as questões imponderáveis da vida, como sua origem e fim. É a fé que possibilita o enfrentamento das dificuldades, das perdas, daquilo que não se tem controle. Daí compreendermos o lugar ocupado pela fé religiosa na vida das pessoas e sua importância enquanto cultura.

As religiões estabelecem valores que se organizam muitas vezes de forma hierárquica, sendo que grande parte desses assumem caráter dogmático. E os dogmas existem para serem seguidos, e não contestados.

A sociedade brasileira tem vivido, nos últimos anos, a proliferação de igrejas evangélicas, e, mais recentemente, o fenômeno da ala da igreja católica, denominada renovação carismática, tem se sobressaído.

Além disso, o misticismo expresso na popularização de figuras como fadas, duendes, quiromantes e numerólogos, que vêm inclusive se tornando acessíveis por meio da mídia, traduzem a busca de soluções mágicas e mais imediatas para o sofrimento humano.

Quanto maior o descrédito nas instituições, maior a busca de soluções, oriundas de religiões ou crenças mágicas. E, nesse sentido, as raízes sincréticas da cultura brasileira contribuem para forjar um universo bastante variado e rico de crenças e valores, no qual o poder da fé impera.

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