Duas Alemanhas - País ainda sofre consequências da reunificação
Símbolo maior da Guerra Fria, o Muro de Berlim desapareceu há mais de uma década, mas deixou marcas profundas no povo alemão. Passado o abraço fraterno do reencontro e a euforia das picaretadas que colocaram abaixo o "muro da vergonha", o país tenta superar as dificuldades para voltar a ser uma só nação.
Dividida pela Conferência de Potsdam, em 45, a Alemanha passou a ser administrada pela URSS, pelos EUA, pela Inglaterra e pela França, vencedores da guerra.
Apagar as marcas do nazismo e empreender um processo de reconstrução era o objetivo maior dos aliados, que fracionaram o país e a capital em quatro zonas de ocupação.
Contudo a chegada dos recursos do Plano Marshall, a partir de 47, fez que a URSS se recusasse a participar do programa de recuperação da Europa, pois os dólares poderiam colocar em risco a hegemonia de Moscou no leste.
Stálin reagiu à reforma monetária e à implantação da nova moeda, o deutsche mark, ordenando o bloqueio do setor ocidental de Berlim, que estava situado em território controlado pelos soviéticos.
Convencido de que a interdição do acesso a Berlim levaria à rendição das forças de ocupação ocidental, Stálin não contava com a resistência, que colocou em ação uma monumental "ponte aérea" para suprir a cidade ao longo de 11 meses de bloqueio.
Com a suspensão do cerco em maio de 49, surgem a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA), consolidando a divisão do país.
Berlim ocidental se transformou num enclave capitalista em território inimigo. Vitrine privilegiada da economia ocidental, atraiu centenas de cidadãos orientais que arriscavam a vida para alcançar o outro lado.
Decididos a conter o fluxo de refugiados, os comunistas ergueram o Muro de Berlim em agosto de 61.
Reunificada em outubro de 90, após 28 anos de separação, a Alemanha rica e próspera luta para superar a desigualdade existente entre ossies (orientais) e wessies (ocidentais).
Segundo pesquisa, um em cada cinco alemães ocidentais gostaria de ter um novo muro. Some-se a essa desilusão a xenofobia dos neonazistas elegendo o estrangeiro como principal inimigo.
Nem sequer se dão conta de que o verdadeiro obstáculo à integração é o muro interiorizado por parcela dos cidadãos da velha Alemanha.
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