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Dengue - Brasil tem nova epidemia; SP concentra a maioria dos casos

Este da foto acima é o tipo de mosquito que transmite a dengue - AP
Este da foto acima é o tipo de mosquito que transmite a dengue Imagem: AP

Carolina Cunha

Da Novelo Comunicação

A dengue sempre foi um problema de saúde no Brasil. Mas, segundo o Ministério da Saúde, em 2015 o país teve um aumento expressivo na quantidade de casos da doença e já registra mais de 220 casos de dengue por hora. Entre os dias 1º de janeiro e 18 de abril, o país registrou 745,9 mil casos de dengue, um aumento de 234,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Surtos de dengue podem acontecer quando mudam fatores como clima e migração do inseto. No Brasil, as condições climáticas favorecem a circulação do mosquito em praticamente todos os Estados. Com calor e umidade alta, o Aedes aegypti se reproduz mais e, por isso, sua presença é comum em países tropicais.

Por ocorrer em diferentes localidades do país, a dengue é considerada uma epidemia. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma situação é considerada epidemia a partir de 300 casos para cada 100 mil habitantes. No Brasil, a incidência de dengue em 2015 é de 367,8 casos para cada 100 mil. Apesar disso, se comparado a 2013, o índice é 48,6% menor.

De acordo com o Ministério da Saúde, a região Sudeste apresenta a maior incidência de dengue no País, seguida das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Norte.

O Estado de São Paulo concentra 55% dos casos e lidera o ranking por cidade. Nele, o número de casos chega a 257.809, 633% superior ao registrado em 2014 durante o período. Segundo a Secretaria da Saúde de São Paulo, cerca de dois terços de todos os casos de dengue neste ano estão concentrados em apenas 30 municípios paulistas, entre eles, a capital. Além de São Paulo, as capitais Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Palmas (TO), Rio Branco (AC), Recife (PE) e Natal (RN) também estão no grupo epidêmico.

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti infectado. A picada do pernilongo acontece pelas fêmeas, que precisam de sangue para produzir ovos. O mosquito deposita os ovos em locais de água limpa parada, principalmente em zonas urbanas. Os sintomas mais comuns da doença são febre alta com dor de cabeça, dor atrás dos olhos, no corpo e nas juntas.

As áreas mais afetadas com a dengue no mundo hoje são as Américas do Sul, Central e do Norte, além de África, Austrália, Caribe, China, Ilhas do Pacífico, Índia, Sudeste Asiático e Taiwan. Na América do Sul, Brasil, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e Equador.

Atualmente, o único método de prevenção é o controle da proliferação do transmissor através de cuidados básicos para evitar potenciais criadouros do mosquito, como pulverizar áreas com pesticidas e evitar água parada em locais como caixas d’água, pneus, carcaças, toneis e vasos de plantas.

Influência da crise hídrica

Normalmente o pico de multiplicação da doença ocorre entre os meses de março e abril, período de chuvas e aumento da temperatura no Brasil. Apesar disso, segundo o ministério da Saúde, a crise hídrica pode estar relacionada ao crescimento dos casos de dengue em 2015, principalmente no Sudeste. Isso porque em alguns locais as pessoas armazenam água sem proteção.

No Estado de São Paulo, que sofre com a falta d'água, a população começou a armazenar água da chuva em recipientes que passaram a existir como focos ou criadouros do Aedes aegypti. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a dengue vem se manifestando sobretudo nos extremos da zona norte, que é área mais penalizada pela falta de água e corresponde a 45% dos casos da doença.

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo fez um levantamento das fiscalizações em residências e detectou que houve um aumento de 212% no número de baldes e regadores que armazenavam água de maneira inadequada. Em relação a caixas d'água, o número de reservatórios destampados aumentou 135%.

Febre chikungunya

Outra preocupação das autoridades é que a proliferação do Aedes aegypti possa aumentar também os casos de febre chikungunya. Conhecida como prima da dengue, a febre chikungunya é transmitida pelo mesmo mosquito.

O nome “chikungunya” deriva de uma palavra em Makonde, língua falada por um grupo que vive no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique, na África. Significa “aqueles que se dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia, dor nas articulações, característica.

A doença tem os mesmos sintomas que a dengue: febre, dores nas articulações e mal-estar. Além disso, só tem um sorotipo, ou seja, cada pessoa só pega uma vez e seu corpo desenvolve  autoimunidade. Embora tenha caráter epidêmico, ela não causa hemorragias e raramente leva à morte.

Nas Américas, em outubro de 2013, teve início uma grande epidemia de chikungunya em diversas ilhas do Caribe. Em comunidades afetadas recentemente, a característica marcante são epidemias com elevadas taxas de ataque, que variam de 38% a 63%.

Embora controlada atualmente, a chikungunya é relativamente nova no país e os primeiros registros do caso aconteceram em 2014, diagnosticados em pessoas que viajaram recentemente para países onde ocorre a transmissão. Até março de 2015, o Brasil registrou o total de 2.103 casos da doença.

Esperanças na vacina

Desde 2011, o Instituto Butantan pesquisa uma vacina inédita contra a dengue. A vacina foi criada para os quatro tipos de vírus existentes. Ela ainda está em fase de testes e precisa da aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável por autorizar o procedimento. Segundo o Instituto, a vacina se mostrou 90% eficaz nos testes com voluntários. A previsão é que a vacina esteja disponível para a população até o início de 2017.

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