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Aviação - Crise econômica e fusões reduzem número de empresas aéreas

Manuela Martinez, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A crise econômica e o estímulo do governo às fusões provocaram uma contradição no mercado de empresas aéreas no Brasil. Ao mesmo tempo em que o movimento de passageiros tem crescido em ritmo acelerado no país (média de 19% ao ano, entre 2003 e 2007), as principais companhias do setor não conseguiram driblar as adversidades que culminaram com a falência da Transbrasil, Vasp e BRA.

Na década de 50, cerca de 20 empresas aéreas operavam no Brasil, algumas fazendo ligações regionais. Em 2007, além das pequenas companhias, que atendem principalmente as regiões Norte e Nordeste, havia apenas duas grandes operadoras aéreas no país: TAM e Gol. Neste mesmo ano, a BRA, que detinha 4,6% do mercado, anunciou o encerramento de suas atividades, provocando a demissão de aproximadamente 1.100 funcionários.

Com a interrupção das atividades da BRA, a OceanAir assumiu toda a área comercial da empresa, incluindo os passageiros que tinham comprado bilhetes com antecedência (70 mil), as aeronaves e as rotas. Muito antes de a BRA falir, a Transbrasil e a Vasp passaram por situações semelhantes.



Vasp e Varig

Fundada em 1933 por um grupo de empresários de São Paulo, estatizada dois anos depois e privatizada na década de 90, a Vasp, que foi uma das maiores empresas aéreas do Brasil, quebrou em 2005, atolada em dívidas. A Transbrasil, empresa fundada na década de 50, deixou de voar antes. Em dezembro de 2001, a empresa faliu, deixando 1.200 empregados sem salários, rescisões e outras verbas trabalhistas.

Até mesmo a mais tradicional empresa brasileira de aviação não resistiu aos desmandos administrativos e também foi à falência. Fundada em 1927, a Varig (Viação Aérea Rio-Grandense) marcou época na aviação civil mundial.

Além de ser a primeira grande empresa do setor na América Latina, transportou, durante mais de 50 anos, personalidades como o papa João Paulo 2º, os ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, as delegações da seleção brasileira que venceram as Copas de 58 (Suécia), 62 (Chile) e 70 (México) e os escritores Monteiro Lobato e Érico Veríssimo, entre outros.



Fim da liderança

Os primeiros problemas financeiros da Varig surgiram em 2003, quando a empresa perdeu a liderança de mercado que sustentava havia mais de seis décadas. Sem dinheiro para cumprir os compromissos com os seus fornecedores e pagar impostos, a Varig foi obrigada a fazer um acordo de compartilhamento com a TAM para continuar operando no Brasil e em alguns outros países.

Com o fim da parceria, determinada pelas entidades que controlam o setor aéreo no Brasil, e uma dívida de R$ 7 bilhões, a empresa cancelou as suas principais rotas nacionais e internacionais em 2005 e ingressou na Justiça com um processo de recuperação judicial. Em 2007, após uma lenta agonia, a Varig teve o seu controle acionário adquirido pela Gol Linhas Aéreas por US$ 320 milhões.

Além do fator social, gerado pelo desemprego em massa, o Brasil também perde com a crise das empresas no setor aéreo. A quebra das empresas reduziu substancialmente a quantidade de voos internacionais para o país, o que impede o crescimento do fluxo turístico, e, por consequência, o cancelamento de empreendimentos voltados para o setor.

As falências sucessivas das principais companhias aéreas brasileiras preocupam os organizadores da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil após 64 anos. Com um país de dimensões continentais, o principal meio de transporte que será utilizado pelas delegações e torcedores será o meio aéreo. Qualquer falha no sistema pode prejudicar o maior evento futebolístico do mundo.

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