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As sete maravilhas do mundo moderno - Marketing turístico já existia na Antiguidade clássica

Antonio Carlos Olivieri, Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Como brasileiros, devemos nos orgulhar pela eleição da estátua do Cristo Redentor como uma das maravilhas do mundo moderno? Ou tudo isso não passa de uma grande jogada de marketing, cuja finalidade é exclusivamente incentivar o turismo nos países premiados?

A resposta a esta última questão é evidentemente afirmativa. Sim, trata-se de uma jogada de marketing turístico, mas nem por isso a estátua do Corcovado perde seus méritos. Também não deixa de existir uma tradição muito remota que originou a lista das sete maravilhas do mundo antigo.

Há várias evidências históricas de que não é de hoje que o ser humano faz turismo.

As viagens turísticas se originaram na Antiguidade. A prática data possivelmente da expansão do mundo grego sob Alexandre, o Grande, e se desenvolveu plenamente com o apogeu de Roma, dos fins da República e do começo do Império (que coincidem mais ou menos com o início da Era cristã).

Depois de Alexandre, o Grande, espalhar a civilização helênica por uma imensa porção de terras no norte da África e na Ásia, não eram poucos os estudiosos que percorriam a Grécia, para conhecer a pátria de Homero, de Hesíodo, de Sócrates, Platão e Aristóteles, de templos como o Partenon, de anfiteatros e pórticos.

Sete maravilhas do mundo antigo
Entre 150 e 120 a.C., os gregos fizeram uma lista dos mais extraordinários monumentos construídos pelo ser humano. São eles:

Intitulada "Ta hepta thaemata", "as sete coisas dignas de serem vistas", a relação acabou passando à história como a das sete maravilhas do mundo antigo. Eram elas:

1) As pirâmides de Gizé, no Egito, das quais a mais antiga é a de Queops, que data de cerca de 2.550 a. C. (vale mencionar que são as únicas da lista que ainda estão de pé na atualidade).

2) Os jardins suspensos da Babilônia, terraços arborizados dos quais só existem registros escritos, não confirmados por escavações arqueológicas.

3) A estátua de Zeus, o rei dos deuses gregos, em Olímpia, uma escultura de ouro em marfim, de autoria de Fídias (séc. 5 a.C.), posteriormente transferida para Constantinopla onde teria sido destruída num incêndio em 462 d.C..

4) O templo da deusa Ártemis, em Éfeso, na atual Turquia, que data de 550 a.C. e de cuja construção original resta somente uma coluna;

5) O mausoléu (da cidade) de Halicarnasso, isto é, o túmulo do rei Mausolo (daí o nome mausoléu), datado de 353 a.C., na atual Bodrum, município da Turquia. Existem ainda pedaços deste monumento no Museu Britânico, de Londres, e em seu local de origem.

6) O colosso de Rodes, uma estátua gigantesca de bronze do deus Hélio, que era ao mesmo tempo um farol, para guiar os viajantes, erguida na ilha grega de mesmo nome, em 280 a.C. O monumento, à beira-mar, ruiu durante um terremoto e ficou submerso até a expansão islâmica, quando os árabes venderam o metal como sucata.

7) O farol de Alexandria, uma torre iluminada na ilha de Faros (de onde o nome "farol"), perto do porto da cidade egípcia conhecida também por sua biblioteca. A torre também sucumbiu a um terremoto, em 1375.

Maravilhas modernas?
O que é uma pena na escolha das maravilhas do mundo moderno é que o critério cronológico ou temporal simplesmente não foi observado. Misturaram-se construções da Antiguidade, como a Muralha da China e o Coliseu, com obras dos séculos 15 ou 16, como Machu Picchu e o Taj Mahal.

Pior: a estátua do Cristo foi inaugurada em 1931, o que é muito recente em termos históricos. Se efetivamente se pensasse em fazer uma lista dos grandes monumentos esculturais ou arquitetônicos do mundo contemporâneo, os concorrentes deveriam ser outros, erguidos exclusivamente a partir do século 20.

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