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A resposta das urnas - Resultado da eleição espanhola é um alerta para Blair

Madeline Chambers, Da Reuters, em Londres

O surpreendente resultado das eleições espanholas ecoou no Partido Trabalhista britânico na segunda-feira em um momento em que Tony Blair luta para recuperar a confiança dos cidadãos antes de se submeter às urnas no ano que vem.

Os espanhóis derrubaram o governo de centro-direita no domingo, em resposta à atuação do país na guerra do Iraque e ao modo como o governo lidou com os ataques de Madri.

Muitos eleitores acharam que o governo tentou tirar proveito político da tragédia que matou 200 pessoas e feriu quase 1.500 na quinta-feira, atribuindo imediatamente a culpa ao grupo separatista basco ETA, apesar de indicações contrárias. Desde então, cada vez mais evidências apontam para o envolvimento de muçulmanos, provavelmente ligados à Al Qaeda.

Especialistas afirmam que a eleição espanhola dá ao primeiro-ministro britânico bons motivos para se preocupar, já que enfrentou forte oposição popular à participação na guerra contra o Iraque.

A eleição geral está prevista para 2005, mas em junho haverá eleições locais e para prefeito de Londres.

"Isso ressalta a importância da confiança da população e mostra como o resultado pode se reverter se o eleitorado deixar de acreditar em você", disse John Curtice, da Universidade de Strathclyde.

Como o primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, agora de partida, Blair ainda é perseguido pela decisão de apoiar ativamente os EUA na guerra.

O partido já perdeu apoio da comunidade muçulmana britânica, de 1,6 milhão de pessoas. O apoio caiu de 75 por cento na última eleição para 38 por cento, de acordo com uma pesquisa Guardian/ICM publicada na segunda-feira.

Entre o público geral, a confiança em Blair também caiu. Só um terço das pessoas o consideram confiável.

Manipulação
"É muito ruim para Blair", disse Patrick Dunleavy of the London Scholl of Economics. "Os britânicos se sentem manipulados e desinformados e isto pode ser bem prejudicial, como as eleições espanholas mostraram".

O governo de Blair insistiu na segunda-feira que Grã-Bretanha e Espanha não assumiram o risco de ser alvo de ataques por apoiar a guerra no Iraque.

"A Al Qaeda não é uma ameaça que apareceu depois da guerra do Iraque ... não é uma ameaça dirigida a países determinados ou a grupos particulares de países. É uma ameaça a nosso modo de vida e à democracia", disse o porta-voz oficial de Blair.

Blair tem ao menos uma vantagem: os seus adversários conservadores também apoiaram a guerra, ao contrário dos socialistas espanhóis, vencedores da eleição.

Quem pode lucrar mais na Grã-Bretanha é o terceiro partido, os Democratas Liberais, que foi atuante na oposição à guerra.

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