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Papa Francisco no Brasil - Visita terá caráter estratégico para Igreja

Operários trabalham na montagem do palco que receberá o papa Francisco na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro - Tania Rego/ABr
Operários trabalham na montagem do palco que receberá o papa Francisco na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro Imagem: Tania Rego/ABr

José Renato Salatiel*

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Em sua primeira visita ao Brasil, o papa Francisco cumprirá uma das etapas mais importantes de sua missão de revigorar a imagem da Igreja Católica na América Latina, sobretudo diante da expansão do movimento evangélico na região.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O Brasil é o maior país católico do mundo, com 123,2 milhões de fieis (64,6% da população). Nas últimas décadas, porém, vem perdendo devotos para as igrejas evangélicas. De acordo com o censo do IBGE de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% em 10 anos, enquanto a população católica retraiu, em duas décadas, 22%.

Contribuíram para isso o uso eficiente dos meios de comunicação eletrônicos pelas igrejas evangélicas e o trabalho de pastores nas periferias das cidades. A Igreja Católica, por seu turno, encontrou dificuldades para tratar questões contemporâneas como o aborto, o divórcio e o homossexualismo.

Além disso, o Vaticano envolveu-se em escândalos sexuais -- com clérigos acusados de pedofilia -- e de corrupção. A pressão da opinião pública foi um dos motivos que levaram o papa emérito Bento XVI a renunciar em 11 de fevereiro, surpreendendo o mundo cristão. Foi o primeiro papa a abdicar do cargo desde 1415.

Em 13 de março, o Conclave escolheu o jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio (que adotou o nome de Francisco) como substituto de Bento XVI.

A escolha do primeiro papa latino-americano da história não foi por acaso: a América Latina, que concentra 45% dos católicos no mundo, é vista por Roma como uma base estratégica para a superação da crise do catolicismo na Europa.

Juventude

Bento XVI esteve no Brasil em 2007. Já em sua primeira viagem, o papa Francisco participa da Jornada Mundial da Juventude, evento religioso que reúne cerca de 2,5 milhões de católicos no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho.

O encontro acontece a cada três anos, mas foi antecipado para não coincidir com a Copa do Mundo de 2014. O último foi realizado em 2011, em Madri, na Espanha. Durante o evento no Brasil são realizadas missas, palestras, shows e outras atividades religiosas.

O maior encontro internacional de jovens católicos foi criado pelo papa João Paulo II em 1984. A primeira edição aconteceu em Roma, dois anos depois. Contudo, a preocupação da Igreja Católica com os jovens é mais antiga. Ela data do Concílio do Vaticano II, de 1965, período de agitações culturais, políticas e comportamentais.

Na década de 80, o Vaticano percebeu que essa revolução nos costumes afastava os jovens da vida católica e da vocação eclesiástica. Como efeito, caía o número de sacerdotes ao passo que crescia a quantidade de adolescentes que se desligavam da tradição religiosa.

Por isso, os encontros com o papa serviriam como uma “vitrine” do Catolicismo, de forma a revigorar a fé católica entre os mais jovens.

Corrupção

Até agora, o papa Francisco exerceu um pontificado discreto, sem muitas mudanças ou polêmicas.

Seus primeiros atos foram administrativos e tiveram repercussão interna na igreja. Ele nomeou comissões especiais para investigar desvios de dinheiro do Banco do Vaticano e para trocar o comando da Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé que é alvo de denúncias de corrupção, nepotismo e abusos de poder.

As supostas irregularidades tornaram-se públicas com a divulgação de documentos secretos do Vaticano, no ano passado, no escândalo que ficou conhecido como Vatileaks (em referência ao Wikileaks).

 No começo de julho, o diretor-geral do Banco do Vaticano renunciou ao cargo devido às investigações da Justiça, três dias após a prisão de um clérigo que era contador na Cúria.

Na esfera religiosa, o papa assinou, no começo de julho, o decreto de canonização de dois papas considerados importantes na história moderna do Catolicismo: João Paulo II e João XXIII, que serão santos por conta de milagres atribuídos a eles.

Uma das características do papa Francisco é o despojamento e a popularidade. Ele abriu mão de privilégios, vive em um apartamento comum, pagou as contas do hotel onde se hospedou durante o Conclave em Roma e, em comunicado oficial, admitiu os próprios pecados. Ele também demonstra maior contato físico com os fieis durante suas aparições públicas.

No Brasil, o papa encontrará um país ainda agitado por uma recente onda de protestos políticos, mas não uma igreja dividida por conflitos, como os que marcaram a oposição do Vaticano às doutrinas social-cristãs na época da ditadura. Mesmo tendo a tarefa de divulgar o Catolicismo em uma nação que gradualmente perde adeptos, o tom será conciliador.

Fique Ligado

Para o estudante secundarista e o vestibulando, a visita do papa Francisco é um gancho para tratar de questões históricas relaciondas ao cristianismo e à igreja católica. É um convite ao estudo desses temas pela perspectiva da história geral. Como complemento, vale conhecer o que dizem os estudos históricos sobre Jesus Cristo, por uma perspectiva laica.

História do papado

 

Cristianismo: das origens a Constantino

 

Igreja católica na Idade Média

 

Igreja católica: arte e cultura

 

Jesus Cristo

Direto ao ponto

Em sua primeira viagem ao Brasil, o papa Francisco participa da Jornada Mundial da Juventude, evento religioso que reúne cerca de 2,5 milhões de católicos no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho. O cardeal argentino foi eleito em 13 de março após a renúncia do papa Bento XVI.

 

O encontro acontece a cada três anos, mas foi antecipado pra não coincidir com a Copa do Mundo de 2014. O último foi realizado em 2011, em Madri, na Espanha.

 

O maior encontro internacional de jovens católicos foi criado pelo papa João Paulo II em 1984. A primeira edição aconteceu em Roma, dois anos depois. O objetivo é atrair jovens para a fé católica, em meio a um processo de descristianização na Europa e de crescimento de igrejas evangélicas na América Latina.

 

O Brasil é o maior país católico do mundo, com 123,2 milhões de fieis. Nas últimas décadas, porém, vem perdendo o número de devotos para as igrejas evangélicas. De acordo com dados do IBGE de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% em 10 anos, enquanto a população católica retraiu 22% em duas décadas.

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