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Obesidade infantil - problema atinge um terço das crianças de 6 a 9 anos, diz OMS

 Rick Wilking / Reuters
Imagem: Rick Wilking / Reuters

Andréia Martins

Novelo Comunicação

A obesidade é um dos maiores desafios de saúde pública do século 21. O problema afeta muitos países, especialmente os economicamente desenvolvidos, e é mais grave quando se fala em obesidade infantil.

Números divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2013 apontam que 2,8 milhões de pessoas morrem por ano por problemas decorrentes do excesso de peso. Segundo a Iniciativa de Vigilância da Obesidade Infantil, braço da OMS, em todo o mundo, um terço das crianças de 6 a 9 anos está obesa ou acima do peso. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças sofre com a doença.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Crianças com sobrepeso e obesidade tendem a ficar obesas na idade adulta e são mais propensas a desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares ainda jovens. No entanto, a própria OMS reconhece que, para resolver o problema, é preciso vencer um adversário de peso: a propaganda.

Em junho deste ano, a OMS-Europa declarou que a propaganda de alimentos nocivos a crianças se mostrou "desastrosamente eficaz" em estimular a obesidade, em especial com o uso das redes sociais para promover alimentos ricos em gorduras, sódio e açúcar, mas pobres em vitaminas, minerais e outros micronutrientes saudáveis.

Há anos a promoção desse tipo de alimento é apontada como um fator de risco significativo para a obesidade infantil e, numa idade mais avançada, para doenças crônicas associadas à alimentação, como doença cardíaca e câncer.

“Hoje não há mais dúvidas sobre a influência das propagandas, sobretudo na televisão e nas escolas para o aumento excessivo do consumo de alimentos/bebidas industrializados e comercializados. Estamos vivenciando um nova geração de crianças e adolescentes com excesso de peso que veem muitas horas de televisão (há relação direta entre horas assistindo televisão e ganho de peso), chamada por alguns autores de obesiTV”, escrevem a professora de nutrição da Unifesp, Ana Lydia Sawaya, e a nutricionista Andrea Filgueiras no artigo "Abra a felicidade? Implicações para o vício alimentar".

No artigo, as autoras destacam a sensibilidade das crianças frente às emoções e sentimentos prazerosos que os alimentos nocivos provocam e da qual a publicidade se aproveita. “Os três componentes da dieta moderna que respondem a essas características são: açúcar, gordura e sal; e a mistura deles em doses ‘certas’ tem efeito somatório na geração de prazer”, diz o texto.

Outras causas

As informações estampadas nos rótulos dos produtos nem sempre informam devidamente quem tenta ter uma alimentação saudável. Por isso, institutos e organizações ligadas ao direito do consumidor e à saúde cobram mudanças no rótulo dos alimentos, para que eles alertem sobre os ingredientes não saudáveis presentes na composição de cada produto.

Visando combater os efeitos dessa desinformação na vida das crianças, diversos projetos tramitam hoje no Congresso Nacional para exigir das marcas que elas sejam mais transparentes nas informações nutricionais.

Outros fatores -- biológicos, econômicos, sociais, políticos e culturais-- também colaboram para a obesidade infantil. Entre eles, os hábitos familiares, a expansão das redes de fast-food; a falta de regras para os alimentos comercializados nas escolas e o fácil acesso das crianças a biscoitos recheados, salgadinhos e refrigerante; doenças endócrinas e o sedentarismo. Mas a principal causa costuma ser o desequilíbrio entre o consumo de alimentos e o gasto de calorias.

Segundo a OMS, nos últimos anos, ao mesmo tempo em que o consumo global de alimentos altamente calóricos e gordurosos cresceu, houve uma queda na atividade física devido ao aumento de exercícios laborais (oferecidos pelas empresas no local de trabalho), mudança nos meios de transporte, aumento da urbanização e falta de tempo.

O que é obesidade?

Sobrepeso e obesidade são definidos pela OMS como o acúmulo de gordura anormal ou excessivo que apresenta um risco para a saúde. A obesidade é medida através do índice de massa corporal (IMC), calculado pela divisão do peso de uma pessoa (em quilogramas) pelo quadrado da sua altura (em metros). Uma pessoa com IMC igual ou superior a 25 é considerada com sobrepeso. Já uma pessoa com um IMC de 30 ou mais é geralmente considerada obesa.

Infância e obesidade

A infância é um momento crucial para o problema da obesidade. É nessa faixa etária que nosso corpo produz mais células adiposas, responsáveis pelo armazenamento de gordura em nosso corpo. Essas células são muito elásticas e, quando nos alimentamos em excesso, são estimuladas a armazenar gordura podendo adquirir até dez vezes o seu tamanho normal. Quando chegam a esse limite, dividem-se ao meio, dando origem a nova célula, também capaz de armazenar mais reservas adiposas. A partir da adolescência, essas células perdem o poder de duplicação.

Vale lembrar que as gorduras também são importantes e mesmo uma dieta equilibrada deve incluí-las de forma saudável. As gorduras ou lipídeos realizam várias funções diferentes no nosso corpo. Elas estão relacionadas ao crescimento, ajudam a dissolver vitaminas (vitaminas lipossolúveis como A, D, E e K), agem no processo de espermatogênese (produção de espermatozóides) e também atuam como uma reserva de energia.

Já o colesterol é uma gordura encontrada nas células e que é importante para o funcionamento do organismo. Essa gordura é usada pelas células para a produção das membranas celulares e dos hormônios esteróides (estrógenos e testosterona). É produzido pelo fígado e pela alimentação ingerida por cada pessoa.

No entanto, existe o colesterol ruim e o bom. O primeiro é o LDL (proteína de baixa densidade), que pode formar pequenos trombos, ou seja, pequenos aglomerados de células gordurosas que impedem a passagem do sangue pelos vasos sanguíneos e podem ocasionar doenças cardiovasculares. O segundo é o HDL (proteína de alta densidade), que impede o LDL de circular na corrente sanguínea.

Direto ao ponto

O sobrepeso e a obesidade são alguns dos principais desafios de saúde pública do século 21. O assunto é ainda mais grave quando se trata de crianças. Dados recentes da Iniciativa de Vigilância da Obesidade Infantil, da OMS, mostram que em média um terço das crianças de 6 a 9 anos está obeso ou acima do peso atualmente.


Crianças que estão acima do peso tendem a ficar obesas na idade adulta e são mais propensas a desenvolver diabetes, asmas, além de doenças renais e cardiovasculares ainda jovens. No entanto, a própria OMS reconhece que, para isso, é preciso vencer um adversário de peso: a propaganda.


Em junho deste ano, a OMS-Europa declarou que a propaganda de alimentos nocivos a crianças se mostrou "desastrosamente eficaz" em estimular a obesidade, em especial com o uso das redes sociais para promover alimentos ricos em gorduras, sal e açúcar. Mas a principal causa da obesidade na infância costuma ser o desequilíbrio entre o consumo de alimentos e o gasto de calorias.


Segundo a OMS, nos últimos anos o consumo global de alimentos altamente calóricos e gordurosos foi alto, enquanto ao mesmo tempo houve uma queda na atividade física devido ao aumento de exercícios laborais, mudança nos meios de transporte, aumento da urbanização e falta de tempo. Como a obesidade e o excesso de peso podem ser evitados, é importante que os pais e a sociedade tenham como meta estabelecer uma boa alimentação durante a infância, combinada com a prática de atividades físicas

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