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Dia Internacional da Mulher - Um século de lutas pela emancipação feminina

José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Pode parecer estranho para as novas gerações o fato de que, no tempo de nossas bisavós, a maioria das mulheres não trabalhava fora de casa, não tinha acesso a métodos contraceptivos, não podia se divorciar e nem mesmo votar. Todas estas conquistas são frutos do movimento pelos direitos das mulheres, cujo primeiro Dia Internacional foi comemorado há 100 anos.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

No começo do século 20, as transformações sociais que acompanharam o avanço das sociedades industrializadas deixaram as mulheres em desvantagens em relação aos homens. Elas entravam no mercado de trabalho, mas não tinham os mesmos direitos trabalhistas.

Nesta época, os primeiros movimentos feministas surgiram em meios aos partidos socialistas e sindicatos, nos Estados Unidos e no Reino Unido. As reivindicações eram, basicamente, trabalhistas e sociais. Até então, as mulheres eram tratadas como propriedades de seus maridos.

Havia também as sufragistas, que faziam campanha pelo direito do voto feminino, aprovado pelos parlamentares ingleses em 1918 e, um ano depois, pelos americanos. No Brasil, as mulheres só tiveram direito ao voto a partir de 1932.

O Dia Internacional da Mulher foi criado oficialmente em 1910, durante a Segunda Internacional, realizada por partidos socialistas em Copenhague, Dinamarca. No mesmo congresso foi instituído o 1º de Maio como Dia do Trabalho.

No ano seguinte, ocorreram as primeiras manifestações na Alemanha, Áustria, Dinamarca e Suíça, em 19 de março. A partir de 1913, a data oficial passou a ser 8 de março, mantida até hoje.

Em 25 de março de 1911, uma tragédia chamou atenção do mundo para as péssimas condições do trabalho feminino. Um incêndio numa fábrica de roupas femininas em Nova York matou 146 trabalhadores, sendo 30 homens. As vítimas eram imigrantes e, algumas, de apenas 12 anos de idade.

Nos anos 1960 e 1970, a mudança nos costumes incorporou o movimento feminista ao cotidiano. O foco das lutas, neste período, era a igualdade de direitos. Ficaram famosos, nos Estados Unidos, os protestos que terminavam com a queima de sutiãs. Também na década de 1960 foi criada a pílula anticoncepcional, um avanço importante para a saúde feminina.
 

Violência

Atualmente, o Dia Internacional da Mulher comemora das conquistas de um século de reivindicações. O voto feminino é quase universal e as mulheres ocupam cargos antes exclusivos para homens, inclusive de lideranças políticas. A violência doméstica, que antes era considerada um assunto familiar (“Em briga de marido e mulher, quem é de fora não mete a colher”, diz o ditado popular), hoje conta com legislação específica em dois terços dos países.

Apesar disso, as mulheres continuam em desigualdade em relação aos homens. Elas ganham menos fazendo o mesmo trabalho (até 17%, segundo dados de 2008), têm menos representatividade política (em média, 18,4% no Legislativo, e apenas 17 cargos máximo do Executivo em 192 países) e menos acesso à educação – dois entre cada três analfabetos são do sexo feminino.

A violência contra a mulher ainda é rotineira em países pobres e no mundo mulçumano. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), até seis em cada dez mulheres sofrem violência física e/ou sexual durante a vida. A iraniana Sakineh Mohammadí Ahstiani se tornou símbolo dos direitos humanos depois de ser condenada a pena de morte por apedrejamento. A pena foi suspensa, mas ela continua presa.
 

Aborto

O movimento feminista ganhou força no Brasil nos anos 1970, em plena ditadura militar. Um caso marcante foi o assassinato da socialite Ângela Diniz pelo namorado, Doca Street, em 30 de dezembro de 1976.

No primeiro julgamento, em 1979, o réu foi inocentado por com a tese de legítima defesa da honra. Mas a pressão das feministas levou a um novo julgamento, no qual o assassino foi condenado a 15 anos de prisão.

Na segunda metade dos anos 1980 surgiram as delegacias especializadas, as primeiras da América Latina. Em 2006 foi criada a Lei Maria da Penha, que tornou mais rigorosa a punição por crimes de violência doméstica.

Hoje, uma das bandeiras do movimento feminista no Brasil é a descriminalização do aborto. Pelo menos 19 projetos sobre o assunto tramitam no Congresso. Porém, como o tema é polêmico, os parlamentares adiam ao máximo a discussão.

No campo da política, aliás, a disparidade persiste. A despeito da eleição da primeira presidente na história do país, a petista Dilma Rousseff, o Brasil ocupa o 108º lugar em relação à presença feminina nos parlamentos, num ranking de 188 nações feito pela União Interparlamentar.

Cem anos de luta pela emancipação trouxeram muitas conquistas – direito ao voto, divórcio, acesso à universidade e ao mercado de trabalho –, mas a realidade das mulheres, sobretudo em países pobres e mulçumanos, ainda é de desigualdade e discriminação.

Direto ao ponto

O primeiro Dia Internacional da Mulher foi comemorado há 100 anos. Ele foi criado em 1910, dentro do movimento socialista, e celebrado no ano seguinte na Europa em 19 de março. A partir de 1913, a data oficial passou a ser 8 de março. No começo do século 20, a principal reivindicação das mulheres era referente aos direitos trabalhistas e a conquista do voto feminino (adotado apenas nos Estados Unidos e no Reino Unido).

Nos anos 1960 e 1970, entraram em pauta saúde, sexo e violência doméstica. Atualmente, as mulheres podem votar em quase todos os países, ocupam cargos de liderança em empresas e governos e há leis específicas para penalizar a violência contra a mulher. Por outro lado, elas continuam ganhando menos que os homens, tendo menor representatividade política e acesso à educação. No Brasil, o movimento feminista se consolidou na década de 1970, durante o regime militar. A violência doméstica, a participação política e a descriminalização do aborto estão entre os temas atuais debatidos pelas feministas.

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