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Biologia - O que os vasos linfáticos descobertos no cérebro têm a ver com Alzheimer e outras doenças?

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Imagem: Divulgação

Andreia Martins

Da Novelo Comunicação

A mente é capaz de afetar o corpo ou vice-versa? Para Aristóteles (385 a.C. - 322 a.C) essa era uma possibilidade real. Para o pensador, “a psique (alma) e corpo reagem complementarmente uma com outro. Uma mudança no estado da psique produz uma mudança na estrutura de corpo, e à inversa, uma mudança na estrutura de corpo produz uma mudança na estrutura da psique”.

O estudo sobre a relação entre o sistema nervoso e o sistema imunológico vem dos anos 1970 e em 1981 ganhou o nome de psiconeuroimunologia, dado pelo psicoterapeuta norte-americano Robert Ader, um dos principais pesquisadores do tema.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

De lá para cá, muitas descobertas relacionando mente, comportamento e sistema imunológico surgiram, mas um estudo recente mostra de forma prática o que até então era desconhecido: sistema nervoso e sistema imunológico estão sim diretamente ligados.

Na sala de aula ou nos livros didáticos, nós sempre ouvimos que o cérebro era o único órgão do nosso corpo que não possui um sistema linfático. Isso porque se acreditava que quando chegavam ao cérebro, os vasos linfáticos, que percorrem todo o nosso corpo, eram interrompidos.

Uma recente descoberta de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, pode mudar essa teoria, associando ainda mais as emoções e as doenças.

Os cientistas descobriram um sistema de vasos que liga o sistema nervoso central ao sistema linfático. Segundo a descoberta, feita com camundongos, o sistema drena os fluídos linfáticos (chamados de linfa) do cérebro para os nódulos linfáticos. Estes funcionam como filtro, retirando e destruindo microorganismos que podem estar no fluído.

Todo esse processo que ocorre no cérebro nunca havia sido observado. Segundo os pesquisadores, os vasos similares aos vasos linfáticos estavam localizados muito próximos ao vaso sanguíneo, nas meninges, nome dado às membranas que protegem o sistema nervoso central, o que camuflou sua presença.

O estudo publicado na revista científica Nature em junho de 2015 abre um novo capítulo na anatomia do cérebro, pois, além de mostrar a existência de vasos linfáticos no órgão, prova que o cérebro está diretamente ligado ao sistema imunológico. Por quê?

Bem, o sistema linfático é uma rede complexa de órgãos que produzem e transportam a linfa dos tecidos para o sistema circulatório através dos vasos linfáticos. Esse líquido, que fica entre as células após a passagem do sangue, contém células de defesa como os linfócitos e macrófagos, cuja função é auxiliar na remoção de toxinas e combater agentes nocivos.

Devido a essa relação direta entre os dois sistemas, o nervoso e o imunológico, os pesquisadores acreditam que a importância da descoberta está nos efeitos que ela pode ter sobre o tratamento de doenças degenerativas relacionadas a distúrbios autoimunes, como o autismo, Alzheimer e a esclerose múltipla. Com a existência dos vasos seria possível avaliar de forma prática o funcionamento do cérebro e seus mecanismos nesses casos.

Por exemplo, quem sofre do mal de Alzheimer tem uma acumulação de grandes placas de proteína no cérebro. Os pesquisadores creem que isso pode ser consequência de uma falha da remoção dessas placas por parte dos vasos.

Outra associação feita é a "qualidade" dos vasos e a idade. Na pesquisa, os cientistas descobriram também que os vasos linfáticos no cérebro dos camundongos tinham aparências diferentes de acordo com a idade. Isso relacionaria determinadas doenças ao envelhecimento.

A pesquisa abre novas fronteiras para os tratamentos dessas doenças e, além disso, é mais um passo que ajuda e desvendar a complexidade do cérebro. Embora muitos mitos já tenham sido derrubados, os cientistas ainda não têm respostas para várias questões, entre elas o mistério da consciência ou sobre como a atividade elétrica se converte em experiência e aprendizado.

Como tudo na ciência, novos estudos vão aprofundar esse conhecimento para avançar em direção a cuidados e prevenções e, quem sabe, chegar mais perto da cura para esses males e nos mostrar outras facetas do cérebro humano.

DIRETO AO PONTO

Na sala de aula ou nos livros didáticos, nós sempre ouvimos que o cérebro era o único órgão do nosso corpo que não possui um sistema linfático. Isso porque se acreditava que quando chegavam ao cérebro, os vasos linfáticos, que percorrem todo o nosso corpo, eram interrompidos. Uma recente descoberta de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, pode mudar essa teoria, associando ainda mais as emoções e as doenças.

Os cientistas descobriram um sistema de vasos que liga o sistema nervoso central ao sistema linfático. Segundo a descoberta, feita com camundongos, o sistema drena os fluídos linfáticos (linfa) do cérebro para os nódulos linfáticos.

A existência desses vasos leva a outra conclusão inédita: a de que cérebro está diretamente ligado ao sistema imunológico.  Devido a essa relação seria possível avaliar de forma prática o funcionamento do cérebro em casos de distúrbios autoimunes e doenças como o autismo, Alzheimer e a esclerose múltipla.

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