Geopolítica -
Tido como a "região problema" do país, o Nordeste possui 1.560.000 km² de área, sendo menor que o Norte mas com 47 milhões de habitantes, superado apenas pelo Sudeste.
Em virtude de um quadro natural heterogêneo (planalto da Borborema, planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba, planícies e tabuleiros litorâneos, depressão sertaneja e do São Francisco, além de clima semi-árido com caatinga e tropical com cerrado, matas atlântica e dos cocais, restingas e mangues), a região é subdividida:
- Zona da Mata: do Rio Grande Norte à Bahia possui clima úmido, solo fértil e vegetação exuberante substituída por lavouras. É turística, urbano-industrial e produtora de petróleo;
- Agreste: faixa de transição entre a Zona da Mata e o sertão, com intensa atividade agropastoril, minifúndios e muito povoada;
- Sertão: clima semi-árido e caatinga, solos rasos e assolado pela seca, mas possui boas condições para a agricultura no vale do São Francisco;
- Meio-norte: faixa de transição entre o sertão e a Amazônia, destaca-se pela rizicultura irrigada e pelos babaçuais.
Das sub-regiões, a Zona da Mata é a mais visitada e o sertão é a mais falada. Afinal, apesar da cultura, do turismo, do petróleo, do açúcar, a imagem mais recorrente do Nordeste é a da seca.
O interior nordestino, em que pese o "boom" econômico (com projetos de irrigação no vale do São Francisco e a instalação de indústrias), ainda é uma área pobre por conta, dizem, da seca. O sertanejo, ainda um forte, sempre conviveu com esse flagelo. Não é de hoje que as vítimas das secas morrem de fome, de doenças e migram para outras regiões. A seca é como um filme de terror constantemente reprisado: a região não tem peso político e econômico, fica longe dos centros de poder e é dominada por elites que ainda acreditam no pacto colonial e que, para garantir terras e votos (não somos uma democracia?), controlam privadamente a água pública e desviam recursos.
O sertanejo é vítima dos projetos inúteis, mirabolantes e caros, da corrupção, do descaso e do assistencialismo. É refém da seca, é massa de manobra, mão-de-obra barata para os ricos Estados do centro-sul, que podem reviver a escravidão e ampliar sua riqueza. Como dá lucro e poder, a seca deve ser mantida.
Com vontade e investimentos sérios em produção e educação (se bem que povo educado é povo perigoso), o sertão pode se desenvolver. Israel e Califórnia provam que a seca não é um obstáculo intransponível. Nunca foi a seca. Sempre foi a cerca.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.