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Resumos de livros

Brás, Bexiga e Barra Funda - Antônio de A. Machado

Do Etapa Vestibular

Alcântara Machado nasceu dentro do espírito modernista de 1922. Em 1927, publicou uma seleção de pequenos contos que batizou com o título de Brás, Bexiga e Barra Funda, obra com que se destacou no movimento, podendo ser considerado o primeiro escritor a receber influência direta de modernistas, sobretudo de Oswald de Andrade.

Os 11 contos que compõem a obra nasceram da experiência do autor como jornalista e, portanto, apresentam o sabor da notícia. Como cenário, tem três bairros paulistanos, nítida ambientação ítalo-brasileira.

O autor defende a tese de que alguns imigrantes, principalmente o italiano, trazem em si a alegria, o canto e a movimentação. Ao pisarem o solo brasileiro, carregam a força do trabalho e a vontade de se saírem bem na nova terra. Ao se adaptarem, misturam-se de forma espontânea, a ponto de se confundirem com a paisagem.

Os personagens, moços e moças, adultos e velhos são captados de maneira singela, revelando com traços estilizados seus jeitos de ser, pensar, viver, que influenciarão definitivamente a cultura paulistana. Alcântara Machado observa-os como um repórter, denominando-os de "novos mestiços", fixando aspectos da vida, do trabalho e do cotidiano dessa gente simples, simpática, aberta e batalhadora.

Cada conto se transforma em flashes dos bairros registrados e o enredo, jornalisticamente, vai-se transformando em crônicas da cidade durante a década de 20. Antônio de Alcântara Machado foi bom aprendiz das técnicas de escritura de Oswald de Andrade, utilizou a linguagem telegráfica com precisão, conduziu as cenas de forma cinematográfica, com cortes perfeitos e dinâmicos, imitando a movimentação pretendida pelo cinema, e, por isso, isentou a narrativa de descrições; o cenário surge rápido entre uma e outra ação. São Paulo vai se tornando transparente através do registro de uma época de trabalho e progresso.

A obra apresenta excelente investigação da influência que o imigrante trouxe inclusive para o linguajar paulistano, revelando no autor o artista consciente de que o literato é também um historiador, ao observar a realidade urbana que o cerca.

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