Topo

Resumos de livros

Quase Memória - Carlos Heitor Cony

Da Folha de S. Paulo

Um envelope sobrescrito com a letra do pai morto havia dez anos desperta em Carlos Heitor Cony um fluxo de lembranças que ele conduz ora como livro de memórias ora como romance. Cony narra as histórias do pai, o também jornalista Ernesto Cony Filho, um sonhador que conseguia transformar tarefas prosaicas, como fazer um balão de festa junina, numa aventura épica aos olhos do filho.

Síntese
O Rio de Janeiro das décadas de 1930, 40 e 50 conheceu muitas figuras lendárias: de compositores a jogadores de futebol, de políticos a vedetes, de escritores a atores e malandros. Embora os livros de história não costumem citá-lo, o jornalista Ernesto Cony Filho foi uma dessas personagens que animaram a capital brasileira daqueles tempos. Pelo menos na visão de seu filho, o também jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, que com este "quase-romance" retirou seu pai da história para colocá-lo na literatura.

Combinando memórias caseiras e crônicas públicas, borrando os limites entre fato e ficção, Quase Memória (lançado em 1995) faz ressurgir a vida inteira de um Ulisses sem viagens e sem proezas. Todo o texto é um anedotário das aventuras do pai: o caso do balão que foi e voltou, a história das mangas do cemitério, o episódio do perfume que estourou nas mãos do capitão. O que também se relembra é um outro Rio de Janeiro, que não existe mais, e que a própria cidade guarda como lembrança ideal.

O tom lírico domina o enredo; mas as relações entre pais e filhos são sempre mais complicadas do que parecem e a carga afetivo-amorosa do livro vem misturada a boa dose de ironia. Para adaptar uma velha máxima: a memória tem razões que a própria razão desconhece.

Veja também:

Resumos de livros