Aluno de escola pública passa em engenharia aeroespacial nos EUA
Aos 13 anos, Luiz Fernando Leal Gomes olhou para o alto e sonhou pela primeira vez com o seu futuro: queria ser piloto de caça. Com o tempo, os planos mudaram e Luiz decidiu que podia ir mais longe. Investiu no sonho e vai estudar engenharia aeroespacial em uma universidade nos Estados Unidos.
“Assisti a uma corrida aérea e esse evento mudou a minha vida. Eu pensei ‘quero estar lá em cima’. E a partir desse dia eu comecei a trilhar esse caminho”, diz o jovem, que hoje tem 19 anos. Foram dois anos de intenso estudo para entrar no curso preparatório para cadetes, mas a descoberta da miopia –que o impossibilitava de seguir carreira-- fez os planos mudarem.
Aprovado em primeiro lugar em eletrônica no Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) do Rio de Janeiro, Luiz se envolveu logo no primeiro ano de curso em um projeto de foguetes e conquistou uma medalha de ouro na OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia de Aeronáutica).
“A OBA me convidou para um evento com jovens de todo o Brasil em São José dos Campos (SP). Fiquei dias imerso no setor aeroespacial e conheci o [astronauta brasileiro] Marcos Pontes, que hoje é meu ídolo”, conta o estudante.
No ano seguinte, ganhou prêmios das olimpíadas de matemática, física e astronomia. Em 2013 recebeu novamente medalha de ouro na OBA e teve certeza de que queria investir no assunto quando participou de um novo evento em Natal.
Seleção nos EUA
Escolha feita, o filho de um professor de educação física e de uma recepcionista começou a se dedicar ao sonho de estudar engenharia aeroespacial nos EUA. Foi um ano de preparação, muitas provas e apresentação da documentação necessária.
“O meu maior desafio foi fazer uma carta de apresentação em inglês. Fiz curso de inglês durante um ano e meio, que foi o que meus pais conseguiram pagar, e tive que parar em 2012. Eu sabia da minha dificuldade e isso foi um motivo a mais para eu estudar”, diz o jovem.
Em janeiro, ele recebeu o comunicado de que foi aprovado no Instituto Tecnológico da Flórida (Florida Institute of Technology) e aguarda o resultado da seleção em outras cinco universidades americanas. O problema agora é conseguir o dinheiro suficiente para pagar o curso e se manter fora de casa.
Luiz conta que seriam necessários 50 mil dólares anuais –o curso tem quatro anos—e a universidade ofereceu uma bolsa que cobre apenas 16 mil dólares por ano. “Meus pais teriam como me mandar só 3 mil dólares anuais e eu estou tentando ver se consigo aumentar essa bolsa na universidade”, diz Luiz.
Sobre o desafio de morar em outro país, ele afirma que o sonho vai ajudá-lo a superar a saudade. “Eu nunca saí do país e agora vou passar quatro anos fora. Eu vou sentir muita saudade do meu pai, da minha mãe e do meu irmão. Mas sei que é uma experiência única e eu encaro com a mente muito positiva”.
Aprovado pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada) em engenharia eletrônica na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pelo Prouni (Programa Universidade para Todos) em ciências econômicas na PUC-Rio, Luiz decidiu continuar no Cefet nas aulas do curso técnico até setembro deste ano, quando deve embarcar para os Estados Unidos.
Depois que o curso acabar, ele pretende fazer mestrado e doutorado e voltar para o Brasil. “Quero ganhar experiência e depois voltar para fazer algo para o meu país”, diz o estudante.
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