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Com nove medalhas de ouro em matemática, aluno de escola pública é o 1º lugar da UFMG

André Costa, 18, coleciona nove medalhas de ouro em olimpíadas brasileiras de matemática - Acervo Pessoal
André Costa, 18, coleciona nove medalhas de ouro em olimpíadas brasileiras de matemática Imagem: Acervo Pessoal

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

13/02/2013 06h00

Bom conhecimento de matemática e “regularidade” nos estudos garantiram ao estudante André Macieira Braga Costa, 18, de Belo Horizonte, o primeiro lugar no vestibular da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) deste ano. Ele obteve 228.8 pontos no vestibular da instituição, 91,5% dos possíveis.

 

"Estudei mais ou menos. Não deixei de fazer nada por causa do vestibular. O diferencial foi a matemática”, diz o estudante, que coleciona nove medalhas de ouro em olimpíadas brasileiras da disciplina. 

 

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Apesar de não ter se dedicado além da conta para o vestibular, o jovem sabe a importância da regularidade. “Nunca estudei mais do que duas ou três horas por dia. Mas nunca deixei de estudar”, diz André, que vai cursar engenharia mecânica na UFMG. 

 

Sobre o bom resultado, não tem dúvidas: "foram as competições de matemática que me influenciaram. Os cursos de treinamento é que me garantiram o primeiro lugar no vestibular”. “É preciso estudar com regularidade e estudar muito bem. Vi sempre gente melhor do que eu e isso sempre me motivou a estudar mais", conta.

 

Olimpíadas

Sua trajetória em disputas de matemática começou no 6º ano do fundamental no Colégio Militar de Belo Horizonte, quando arriscou participar da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. “Na primeira etapa, nível regional, só 5% dos alunos se inscreveram, não tinha muita concorrência. Seis passaram e quatro ganharam medalhas de ouro. Eu estava entre eles e me empolguei”, diz. “Foi aí que comecei, mesmo, a estudar matemática.”

 

“Comecei a fazer o curso de Iniciação Científica Júnior, oferecido pela UFMG, que é matemática pura. Vi que estava muito abaixo da turma. Os meus colegas sabiam bem mais e eu não conseguia acompanhar”, lembra.

 

Decidido a mudar a situação, o estudante pediu ajuda à tia Maura, professora de química. A tia lhe emprestou todos os livros disponíveis de matemática e André Costa começou a “estudar muito” a matéria. “Vou ficar igual esse povo aí, pensava comigo.”

 

Escola em segundo plano

Dali foi um pulo para começar a frequentar as aulas do programa especial de competições internacionais, patrocinadas pela Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, no Rio de Janeiro. “Tinha de matar as aulas do colégio na quinta, sexta e sábado. Caí um pouco nos estudos, mas sempre mantive uma média superior à nota sete”, diz o estudante.

 

“Comecei a me dedicar aos estudos de matemática e não parei mais. Ficávamos o tempo todo fechados num hotel no Leme (bairro no Rio de Janeiro). Os problemas nesses treinamentos e nas provas têm um conteúdo básico, mas o grau de abstração e o raciocínio para solução dos problemas colocados vai muito além”, afirma.

 

A partir desse período, foi premiado em competições nacionais e internacionais. Entre 2006 e 2012, foram nove medalhas de ouro, três de prata, uma de bronze e, uma menção honrosa, em olimpíadas de matemática.

 

André perdeu as contas dos prêmios e incentivos em dinheiro e equipamentos de informática, sobretudo computadores, que recebeu desde então. Conseguiu, com isso, uma autonomia financeira, desde os 13 anos.

 

De olho na faculdade

Matriculado em um cursinho entre julho e dezembro de 2012, André dedicou de três e cinco horas por dia ao estudo para o vestibular. “Estudei mais, lógico. Mas mantive tudo que faço: tênis, futebol. Computador? Uso só quando estou em casa. Não sou de ficar muito abitolado.". 

 

Além da UFMG, o estudante prestou vestibular no Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica), também para engenharia mecânica, também em Belo Horizonte. O Cefet não divulga a classificação dos candidatos. André teve uma nota de 82 (em cem) e foi aprovado. “Ouvi falar de gente que entrou com 62”, afirma.

 

A decepção ficou por conta do vestibular do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), em São José dos Campos (SP), em que não passou na disputa para o curso de engenharia.