Isso aconteceria no Butantã?, questiona mãe de aluna da USP Leste
Os pais que acompanharam os filhos no primeiro dia de matrícula da EACH-USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo), tinham críticas e dúvidas em relação aos problemas ambientais que levaram à interdição do campus no mês passado. O terreno do campus contém metano e outros gases tóxicos.
Por causa da interdição, a matrícula dos calouros da EACH é realizada nesta quarta (12) e amanhã na Faculdade de Saúde Pública, no centro de São Paulo, e as aulas, que deveriam começar na próxima segunda-feira (17), só terão início no dia 10 de março.
Entenda o caso
- Set.2013 - Cetesb autua USP Leste por poluição do solo; professores entram em greve
- Set.2013 - Diretor da USP Leste é afastado
- Set.2013 - Cetesb diz que não há riscos para saúde; greve continua
- Out.2013 - Após 50 dias de greve, USP Leste volta às aulas nesta quarta-feira
- Out.2013 - Cetesb multa a USP em R$ 100 mil por contaminação
- Dez.2013 - Com pombos e água imprópria, USP Leste antecipa férias
- Jan.2014 - Justiça interdita atividades da USP Leste
- Jan.2014 - Aulas da USP Leste são retomadas no campus Butantã
- Jan.2014 - Juíza permite acesso de pesquisadores à USP Leste
- Fev.2014 - USP Leste diz que só volta ao seu campus se problemas estiverem sanados
"Eu fico pensando, será que esse descuido teria acontecido se fosse no [campus] Butantã? Será que a reitoria seria tão tolerante com uma administração ruim?", questiona Valéria Costa, 52, mãe da Luna, 18, aprovada no curso de têxtil e moda na USP Leste.
"Por que construir o campus sobre um lixão? Eles poderiam pelo menos usar parte do conhecimento gerado no curso de gestão ambiental para tentar resolver o problema antes que chegasse a esse ponto", disse Valéria.
Falta de vontade?
Entre os pais preocupados também estava o de Davi Molina, 21, aprovado em turismo. "A gente fica preocupado se o problema vai mesmo ser resolvido", disse Reinaldo Venezuela, 49. "Parece que falta vontade política, porque eles disseram que todos os problemas ambientais têm solução", afirma.
O filho, por sua vez, diz que a aprovação foi recebida em casa com felicidade e preocupação. "Eu nem quis falar com o meu pai que o campus estava interditado para não preocupá-lo. E agora não sei quando nem onde vou estudar", diz.
Para a mãe de Fernanda Albertini, 17, aprovada em turismo, o mais importante é a segurança de estudantes, professores e funcionários. "A direção disse que só vão colocar os alunos no campus quando não tiver nenhum risco. É o que eu espero", afirma.
Informação
Enquanto calouros e veteranos participavam do trote, alguns pais acompanhavam na manhã desta quarta uma pequena palestra sobre os problemas ambientais. "Se até o dia 10 o campus continuar interditado, vamos arrumar outros prédios da zona leste para começar as aulas", disse Neli Aparecida de Mello-Théry, vice-diretora da EACH.
Ela ainda garantiu que os problemas ambientais não são definitivos e que a reitoria da USP estuda medidas para viabilizar a volta de alunos, professores e estudantes ao campus. "Esse é um problema possível de ser resolvido, mas a gente vai precisar monitorar sempre. É o caso do Shopping Center Norte", afirmou a vice-diretora à pequena plateia de pais de calouros da EACH. A decisão final, porém, é da reitoria da USP, que ainda não decidiu para onde os alunos serão levados.
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