UFMG processa 198 alunos, mas não considera trote racista
A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) instaurou um processo administrativo contra 198 estudantes da Faculdade de Direito que participaram, em 15 de março deste ano, de um trote considerado racista, sexista e preconceituoso, com menções ao nazismo e escravidão. A decisão divulgada nesta terça-feira (9), porém, informa que esses itens não serão apurados pela universidade.
Não há menções na portaria às palavras “racismo”, “preconceito”, “nazismo” e “escravidão”. Os 198 estudantes serão processados somente por envolvimento na distribuição e comercialização de bebida alcoólica durante o trote. A UFMG não explica no texto, o porquê os termos foram excluídos do processo.
Serão processados 67 estudantes do segundo período que aplicaram o trote, 99 do primeiro período que sofreram o trote, além de 32 membros do Caap (Centro Acadêmico Afonso Pena).
De acordo com a portaria 59, o processo administrativo é consequência da sindicância realizada por três professores da Faculdade de Direito (que durou 60 dias), cujo parecer foi analisado pela AGU (Advocacia Geral da União), em outros 30 dias.
Uma comissão nomeada será responsável por apurar os fatos e redigir um relatório e determinar os processos administrativos que serão aplicados. O prazo é de mais 60 dias, a contar de hoje. Ou seja, a UFMG deve chegar a alguma conclusão do trote de meados de março na segunda quinzena de setembro.
Os estudantes podem ser punidos com advertência, suspensão e expulsão.
Trote
O trote foi considerado racista e sexista após publicação de fotos dele nas redes sociais em 18 de março deste ano. Em uma delas, uma caloura aparece amarrada e pintada de preto enquanto um veterano a puxa por uma corrente. Ela carrega um cartaz em que está escrito caloura Chica da Silva", referência à escrava que viveu em Diamantina (MG), no século 18.
Em abril, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial publicou moção de repúdio ao trote no Diário Oficial da União e solicitou providências à UFMG.
Logo após a criação da sindicância, em meados de março, a UFMG divulgou nota de repúdio ao trote. "Elas representam um ato de violência que não faz parte da vida acadêmica".
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