Fuvest: Sem 'gramática pela gramática', português focou interpretação
Nada de regras de crase, plurais de substantivos compostos rebuscados ou “pegadinhas” do novo acordo gramatical. As questões de português da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) deste domingo (7) consolidaram uma tradição de prova que exige pouca “gramática pela gramática” e foca na interpretação de texto e análise da língua, conforme análise de professores de cursinhos ouvidos pelo UOL.
“Essa é uma prova que explora a capacidade do aluno de entender os sentidos e usos da linguagem, seja ela escrita, ou mesmo imagética”, resume Laudenir Guedes, do Objetivo.
Como exemplo, ele cita a primeira questão da prova, em que o candidato precisava interpretar um anúncio publicitário da Justiça Eleitoral. Para responder a essa pergunta, o candidato poderia explorar a origem da palavra “digital” -- que vem de “dígito” e se refere a dedo, exatamente o que a figura que acompanhava a questão representava.
O coordenador do curso Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, destacou a mistura de gêneros textuais presente na prova. “Desde anúncios publicitários a um texto de caráter mais filosófico, a prova exigiu uma grande habilidade interpretativa”, opinou Tasinafo.
Sem consenso sobre grau de dificuldade
Fácil ou difícil? Não houve consenso entre os seis professores ouvidos sobre o grau de complexidade do exame.
Enquanto professores dos cursos Objetivo, Anglo e Cursinho da Poli classificaram a prova como “fácil”, os instrutores do Etapa e Poliedro viram um exame “mediano”, e a Oficina do Estudante qualificou como “exigente”.
“A maioria da prova focou na interpretação de texto, mas houve algumas questões exigindo conversão de verbo da voz ativa para a voz passiva, passagem de tipos de discurso [do direto para o indireto]”, apontou César Ceneme, do Poliedro.
Já o professor do curso Anglo Sergio Paganim, para quem a prova “não apresentou grande dificuldade”, ressaltou o fato de a Fuvest trazer a definição, na própria prova, das palavras menos conhecidas pelo aluno.
Um exemplo é a questão 7, em que a banca examinadora trouxe, abaixo de um trecho de Iracema, obra de José de Alencar, a definição de murta (“arbusto, árvore pequena”, conforme transcrição da prova) . “Isso mostra que o que importa para a Fuvest é que o aluno seja capaz de entender o texto e a língua como um todo”, diz Paganim.
A Cidade e as Serras ficou de fora
Das 10 obras que constavam da lista de leituras obrigatórias, chamou a atenção dos professores a ausência, tanto na primeira quanto na segunda fase, de questões referentes ao livro A Cidade e as Serras, de Eça de Queiroz.
“Além de não ter figurado dentre as perguntas deste ano, a obra não será cobrada no vestibular do ano que vem”, destacou o professor do curso Etapa, Heric Jose Palos. A lista de leituras obrigatórias até 2019 foi divulgada há dois anos pela instituição.
Provas seguem
A segunda fase da Fuvest avançará por mais dois dias. Nesta segunda-feira (8), haverá perguntas de história, geografia, matemática, física, química, biologia e inglês; na terça-feira (9), será a vez de disciplinas referentes à carreira pretendida.
A lista de aprovados está prevista para 2 de fevereiro. Serão anunciados os selecionados para as 8.402 vagas de graduação disponibilizadas pela USP (Universidade de São Paulo).
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