Segunda fase da Fuvest foi 'difícil', mas não trouxe surpresas
Após uma primeira fase que foi considerada a mais difícil dos últimos cinco anos, as provas da segunda fase da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) não surpreenderam e trouxeram questões dentro do grau de dificuldade esperado.
A avaliação é das professoras Saray Azenha, diretora pedagógica da Oficina do Estudante, e Vera Lúcia Antunes, coordenadora do Curso Objetivo.
“Nenhum dia trouxe surpresas. O aluno que faz Fuvest sabe que não adianta decorar: ele tem que pensar, saber interpretar e aplicar os conhecimentos dele”, ressalta a professora Vera Lúcia.
Para ela, a prova da Fuvest continua sendo uma prova exigente e que seleciona bem os candidatos que desejam ingressar na USP (Universidade de São Paulo) e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
A segunda etapa de provas da Fuvest foi aplicada para mais de 22 mil candidatos durante os dias 8, 9 e 10 de janeiro.
As provas de redação e português, com 10 perguntas, foram aplicadas no domingo (8). Na segunda (9), os candidatos resolveram 16 questões discursivas de história, geografia, matemática, física, química, biologia e inglês.
No último dia da seleção, foram aplicadas 12 perguntas de duas ou três disciplinas específicas ao curso escolhido pelo candidato.
Em pareceria com o Curso Objetivo, o UOL realizou uma correção comentada de todos os dias de prova da seleção.
- Veja a prova corrigida da 1ª fase
- Veja a prova corrigida do 1ª dia da 2ª fase
- Veja a prova corrigida do 2º dia da 2ª fase
- Veja a prova corrigida do 3º dia da 2ª fase
Português e redação
O tema da redação deste ano abordou a menoridade, conceito do filósofo Immanuel Kant. Apesar de assustar a princípio, a professora Saray afirma que o tema não pedia que o aluno tivesse conhecimentos específicos de filosofia.
“O aluno não tinha que se fechar em Kant, mas sim usar a ideia de Kant, discutindo a maioridade. Nisso era fundamental que ele percebesse as relações desse conceito com a atualidade”, conta a professora.
Ela exemplifica: “o aluno poderia discutir os movimentos sociais, o protagonismo juvenil –todas essas são ações que levam à autonomia do indivíduo”.
“O texto do Kant é muito claro. O aluno não deve ter tido dúvidas ao ler esse texto e fazer a redação”, concorda Vera Lúcia. No entanto, ela ressalta: “tem que ser uma redação com texto argumentativo, senão o candidato zera a nota”.
As questões de literatura, no entanto, apresentaram um grau de dificuldade mais elevado, segundo a professora Vera. “Foi um dia de provas equilibrado, porque literatura estava mais difícil. Dos 9 livros de leitura obrigatória, 4 caíram na segunda fase –e o aluno tinha que ter analisado o livro, não simplesmente lido, para responder as perguntas”.
Interdisciplinaridade
Considerado pelos alunos como o dia de provas mais difícil dessa etapa da seleção, o segundo dia fez jus à sua fama, avaliam as professoras.
“Em todas as disciplinas as questões exigiam um senso crítico do candidato. Esse é o dia mais difícil por causa dessa linha de reflexão, de análise crítica. O aluno tem que relacionar e comparar muitas coisas”, explica a professora Vera.
Para a professora Saray, o segundo dia trouxe de fato um grupo de questões muito “puxadas”, mas com nível de dificuldade dentro do esperado. “Foi uma prova muito honesta. As questões interdisciplinares foram as que trouxeram mais trabalho para os alunos”.
Dentre as questões aplicadas, as professoras destacam a questão nº 5, que relaciona biologia, matemática e literatura ao falar sobre a aorta das baleias; a questão nº 11, que mistura geografia e matemática ao falar sobre a teoria de Malthus; e a questão nº 9, que relaciona geografia e biologia ao trazer questionamentos sobre o desastre de Mariana.
“O que é interessante é essa mistura de conteúdos. Foi uma prova que se baseou no conteúdo para fazer com que o aluno refletisse sobre acontecimentos atuais”, ressalta a professora Saray.
Questões específicas
Para as professoras, a maratona de provas terminou com um dia marcado por questões voltadas ao conteúdo clássico.
“Foi uma prova que não exigiu análises críticas, mas que pediu conteúdo. Não de forma conteudista, e sim de maneira inteligente”, analisa a professora Vera.
Para ela, os assuntos que “a gente aprende no ensino médio” apareceram, nesse dia de provas, com uma “roupagem moderna, atual”.
“Na biologia, por exemplo, caiu transplante de medula e câncer. Em química, foram questões clássicas, mas relacionando com o dia a dia, o que faz parte da vida”, explica.
Quanto ao tamanho dos enunciados e ao tempo de resolução das questões, as professoras não hesitam: “deu tempo de fazer [as questões] nos três dias. Os enunciados eram todos muito claros, com perguntas diretas”, comenta a professora Vera.
“O aluno que vai preparado para a Fuvest tem noção do que é exigido e do tempo necessário para fazer as questões. Não acho que ele tenha sido pego de surpresa”, analisa a professora Saray.
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