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Em trote, calouro é queimado com larvicida e creolina: 'Chorei de dor'

Lucas Boehm, um dos estudantes que sofreram queimaduras após trote em Vilhena (RO) - Arquivo Pessoal
Lucas Boehm, um dos estudantes que sofreram queimaduras após trote em Vilhena (RO) Imagem: Arquivo Pessoal

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

17/02/2016 14h33

Ao menos cinco estudantes sofreram queimaduras durante um trote universitário em Vilhena, cidade de Rondônia. Veteranos do curso de agronomia da Fama (Faculdade da Amazônia) usaram uma mistura de larvicida e creolina nos calouros na noite da última segunda-feira (15). "Chorei de dor", diz Lucas Ribeiro Boehm, uma das vítimas.

Segundo o estudante de 17 anos, após a última aula cerca de 50 pessoas aguardavam a saída dos calouros para começar o trote. "Eles disseram que quem não fizesse o trote naquele dia e deixasse para outro seria pior, e que quem não participasse não poderia ir às festas da faculdade", conta.

Após uma rápida conversa, todos os estudantes da sala de Lucas teriam concordado em participar. "Pensamos que o trote seria mais leve. Foi então que começaram a passar a mistura nas pessoas, inclusive nas meninas. Na hora que jogaram os produtos em mim, começou a queimar e eu pulava de dor. Me deu tontura e quase desmaiei com o cheiro forte. Comecei a chorar de dor", diz.

 

O pesticida utilizado é indicado para bicheiras e ferimentos externos de animais de grande porte. É altamente inflamável. A bula recomenda ao aplicador "não inalar o produto e evitar contato direto com os olhos e outras partes do corpo". Já a creolina é utilizada para dissolver outros produtos químicos, como desinfetantes e desodorantes.

Lucas foi levado para o hospital com a ajuda de amigos. Lá, ficou tomando soro da meia-noite e meia até as duas horas da tarde do dia seguinte. "Reunimos os alunos que se queimaram e vamos entrar com um processo." Lucas já registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal.

Repúdio

Em nota de repúdio divulgada nas redes sociais, a diretora geral da Fama, Patricia Clara Cipriano, afirmou que a instituição está apurando "a autoria do lamentável evento".

"A responsabilidade de cada aluno veterano será rigorosamente apurada, através de Processo Administrativo Disciplinar, que já foi instaurado, a fim de que a cada acadêmico veterano envolvido sejam aplicadas as penalidades administrativas cabíveis, que vão desde a suspensão até a expulsão", diz.