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Fuvest: 'Prova exigente e tema de redação desafiador', dizem professores

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

10/01/2016 20h50

Neste domingo, a Fuvest aplicou a prova de português e a redação do vestibular 2016. Segundo professores ouvidos pelo UOL, as questões de gramática e literatura estavam exigentes, mas dentro do que se espera de um aluno do ensino médio. Já o tema de redação foi considerado "desafiador".

"O tema em si não foi difícil, mas a forma como os alunos poderiam produzir o texto seria complicada", avalia Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante. "A dificuldade ficou pela dubiedade do tema. É difícil defender que utopias são nocivas ou essenciais e pronto."

Para Heric Palos, professor e coordenador de português do grupo Etapa, o tema "As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas" fugiu de uma tendência de propostas mais voltadas para questões sociais, embora dê para estabelecer essa relação neste ano.

"A coletânea deve ter trazido mais segurança para os candidatos. A princípio dá a sensação de ser um tema vago, mas eles podem fazer relações até com o momento atual do país", avalia.

Eduardo Calbucci, supervisor de português e redação do Anglo vestibulares, lembra que em 2016 completam-se 500 anos da obra "Utopia", de Thomas More. "A Fuvest voltou a um modelo de prova com temas abstratos. Foi mais difícil do que anos anteriores", diz.

Português

Nas questões de literatura, Laudemir Guedes, professor de língua portuguesa do Objetivo, sentiu falta dos livros "Til", de José de Alencar, e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. Para ele, as questões foram trabalhosas. "O candidato precisava ter lido o livro e ter conhecimento do que ele significava, qual era o seu contexto histórico. Não só ler, mas entender a obra", afirma.

Segundo ele, em gramática teve espaço para questões que falavam sobre a relação imagem e texto, sentidos de um verbo, adequação linguística e artigo científico. "O aluno teve trabalho. Mas nada além do que se espera de um candidato que vai entrar na universidade."

Tasinafo, da Oficina, se surpreendeu com a quantidade de gramática exigida nesta edição do exame. "É uma prova que exige repertório e habilidade redacional", diz.

Em literatura, chamou a atenção o caráter interdisciplinar das questões que abordavam os livros "As Cidades e as Serras", de Eça de Queirós, e "Capitães da Areia", de Jorge Amado. "Eram questões que poderiam estar na prova de amanhã. Em 'Cidades' foi pedido domínio de aspectos históricos da Antiguidade. Já em 'Capitães', aspectos geográficos da cidade de Salvador", avalia.