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"Aos 56 anos entrar na USP é sensacional demais", diz caloura

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

28/02/2014 10h00

Depois de 25 anos sem estudar, a dona de casa Dulcenéa de Paula definiu um novo propósito em sua vida: conquistar uma vaga na USP (Universidade de São Paulo). Para alcançar seu objetivo, ela estudou quase um ano em um cursinho popular.

Hoje, Dulcenéa comemora as aprovações nos cursos de saúde pública da Faculdade de Saúde Pública da USP, cuja relação candidato/vaga é de 2,48 e de enfermagem da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com quase sete concorrentes para cada vaga.

“Isso é inexplicável para mim. Vim de família mineira muito simples e havia estudado apenas até o médio [ensino] e fui trabalhar. Fui analista de sistemas há 30 anos. Tenho muitos outros cursos profissionalizantes, mas entrar na USP é tremendo! É alegria demais da conta, sô!”, comemora a estudante que optou por fazer sua graduação na USP. 

Preparação

Universitários

  • Dulcenéa e os filhos gêmeos, veteranos dos cursos de física da USP e de tecnologia em informática em saúde na Unifesp

Em relação ao ano de cursinho, Dulcenéa destaca que estudou dentro dos limites possíveis. Frequentava as aulas durante o período noturno e durante o dia estudava, mas não deixava de fazer as coisas que gostava. “Pela maturidade eu entendo assim: eu estudei o quanto me foi possível e fazia minhas caminhadas todos os dias de 1h30 como sempre fiz. Fui na academia, que dura 1h, fui à Igreja aos domingos. Enfim, nada de terrorismo intelectual. Fui consciente do quanto fiz e pude fazer”, explica.

Em março de 2013, ela passou por "decepções muito grandes" e não conseguiu focar todas as suas energias na preparação para o vestibular. Com dificuldade para estudar além da sala de aula, Dulcenéa procurou uma outra estratégia: prestar atenção no conteúdo dado pelos professores e anotar os itens principais no caderno. 

"Se os meus filhos não tivessem me ajudado eu iria entrar numa depressão muito grande", diz orgulhosa fazendo questão de destacar que os filhos gêmeos são veteranos dos cursos de física da USP e de tecnologia em informática em saúde na Unifesp.

Os meses foram passando e quando os problemas estavam mais "amenos" a estudante passou a frequentar a biblioteca da Unifesp e a treinar para as provas com várias listas de exercícios. Só parou de pegar firme no estudo um mês antes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Durante o período que antecedeu o exame, ela tentou fazer o máximo de simulados do Enem e de vestibulares de outras instituições possíveis. “Tudo isso foi a minha terapia para os problemas emocionais. E meus filhos me ajudaram muito a superar e a focar nos estudos”, lembra. 

Quanto as dificuldades específicas do cursinho, Dulcenéa conta que tinha problemas “só” com matemática e física. Para ela, o conteúdo dado quando cursou o ensino médio foi muito bom e o que foi ministrado no cursinho foi mais uma retrospectiva. “Estudei em uma época em que as escolas públicas tinham um nível de estudo melhor, laboratórios completos de biologia, física e química”, explica..

O plano desse ano para a graduanda é dedicação exclusiva aos estudos na Faculdade de Saúde Pública. “Eu sempre quis continuar os estudos. Sou eu fazendo a minha própria caminhada”, conclui.

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