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Caloura soube de problema ambiental da USP Leste só após aprovação

Ceres Campolim e a filha Thayná Campolim, aprovada na USP Leste em gestão ambiental  - Lucas Rodrigues/UOL
Ceres Campolim e a filha Thayná Campolim, aprovada na USP Leste em gestão ambiental Imagem: Lucas Rodrigues/UOL

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

18/02/2014 12h26

"Indignação". Foi dessa forma que a mãe da caloura Thayná Campolim Rombach definiu seu sentimento ao descobrir junto com a filha, dois dias após a comemoração da aprovação, que o campus da USP Leste estava interditado por problemas ambientais.

"O impacto foi muito grande", conta Ceres Campolim, 58. "Apesar de ser psicoterapeuta, sou ativista ambiental, 'ecochata' e 'biodesagradável' desde a década de 1970. Portanto, sei que medidas de mitigação em casos de contaminação com químicas em solo não são plausíveis de se fazer em tempo, e certamente, o campus não estaria aberto para o início das aulas".

A EACH-SP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), também conhecida como USP Leste, está interditada desde janeiro por causa da presença de gás metano e do despejo de terra contaminada com componentes tóxicos em parte do campus. No final do ano passado, alunos e professores também tiveram que conviver com problemas na qualidade da água e infestação de ácaros de pombo

Sobre a terra contaminada, que está em uma área que contém quadras, ginásio, auditórios, lanchonete, enfermaria, biblioteca e o reservatório de água potável, a mãe acha que houve um crime ambiental propositado. "Isso deve ser investigado", afirma.

Em reunião aberta, a Congregação da USP Leste decidiu em novembro do ano passado afastar o diretor da unidade, José Jorge Boueri Filho. O argumento foi de que ele não poderia ficar no cargo enquanto se apuram as responsabilidades sobre a situação ambiental do local.

Caso soubessem antes dos problemas, Ceres afirma que teria sugerido à filha de 18 anos que optasse pelo campus da cidade de Piracicaba, no interior paulista. "Ela quis São Paulo por ter mais facilidades econômicas por aqui".

Alternativas

Antes de se preparar para o vestibular da Fuvest 2014, Thayná fez um intercâmbio de cinco meses na Alemanha no começo do ano passado. "Eu não estava muito definida sobre qual curso faria, então fui para lá e fiz um high school, como se estivesse repetindo um semestre", conta.

De volta ao Brasil, a estudante começou um curso pré-vestibular que a ajudou a passar para a segunda fase em três universidades públicas. Aprovada em gestão ambiental na EACH, Thayná ainda está na lista de espera dos cursos de relações internacionais da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e de gestão e análise ambiental da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). 

Caso passe em uma das outras duas opções, a caloura acredita que poderia abrir mão da USP por um tempo. "Uma opção seria cursar em São Carlos e depois pedir transferência para a EACH caso o problema já tenha sido resolvido", diz.

Para tentar liberar o campus da EACH, a USP entregou ao Ministério Público uma proposta de solução para os problemas ambientais. As aulas, que começaram na última segunda-feira (17) nas demais faculdades, devem ser iniciadas na USP Leste apenas no dia 10 de março -- ainda sem local definido.