Isso aconteceria no Butantã?, questiona mãe de aluna da USP Leste

Marcelle Souza
Do UOL, em São Paulo

Os pais que acompanharam os filhos no primeiro dia de matrícula da EACH-USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo), tinham críticas e dúvidas em relação aos problemas ambientais que levaram à interdição do campus no mês passado. O terreno do campus contém metano e outros gases tóxicos.

Por causa da interdição, a matrícula dos calouros da EACH é realizada nesta quarta (12) e amanhã na Faculdade de Saúde Pública, no centro de São Paulo, e as aulas, que deveriam começar na próxima segunda-feira (17), só terão início no dia 10 de março.

"Eu fico pensando, será que esse descuido teria acontecido se fosse no [campus] Butantã? Será que a reitoria seria tão tolerante com uma administração ruim?", questiona Valéria Costa, 52, mãe da Luna, 18, aprovada no curso de têxtil e moda na USP Leste.

"Por que construir o campus sobre um lixão? Eles poderiam pelo menos usar parte do conhecimento gerado no curso de gestão ambiental para tentar resolver o problema antes que chegasse a esse ponto", disse Valéria.

Falta de vontade?

Entre os pais preocupados também estava o de Davi Molina, 21, aprovado em turismo. "A gente fica preocupado se o problema vai mesmo ser resolvido", disse Reinaldo Venezuela, 49. "Parece que falta vontade política, porque eles disseram que todos os problemas ambientais têm solução", afirma.

O filho, por sua vez, diz que a aprovação foi recebida em casa com felicidade e preocupação. "Eu nem quis falar com o meu pai que o campus estava interditado para não preocupá-lo. E agora não sei quando nem onde vou estudar", diz.

Para a mãe de Fernanda Albertini, 17, aprovada em turismo, o mais importante é a segurança de estudantes, professores e funcionários. "A direção disse que só vão colocar os alunos no campus quando não tiver nenhum risco. É o que eu espero", afirma.

Informação

Enquanto calouros e veteranos participavam do trote, alguns pais acompanhavam na manhã desta quarta uma pequena palestra sobre os problemas ambientais. "Se até o dia 10 o campus continuar interditado, vamos arrumar outros prédios da zona leste para começar as aulas", disse  Neli Aparecida de Mello-Théry, vice-diretora da EACH.

Ela ainda garantiu que os problemas ambientais não são definitivos e que a reitoria da USP estuda medidas para viabilizar a volta de alunos, professores e estudantes ao campus. "Esse é um problema possível de ser resolvido, mas a gente vai precisar monitorar sempre. É o caso do Shopping Center Norte", afirmou a vice-diretora à pequena plateia de pais de calouros da EACH. A decisão final, porém, é da reitoria da USP, que ainda não decidiu para onde os alunos serão levados.