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Mais baratos, cursinhos populares são opção para vestibulando sem dinheiro

Elisa Estronioli

Em São Paulo

05/08/2010 09h35Atualizada em 06/10/2010 09h11

Alguns são gratuitos, outros têm preços bem abaixo do mercado tradicional. Podem contar com professores voluntários ou remunerados. Terem material didático próprio ou não. Mas o que permite classificar um cursinho pré-vestibular como “popular” é o fato de ser uma alternativa para estudantes sem condições de pagarem um cursinho “normal”. Enquanto no primeiro caso o curso pode até ser de graça, as opções mais famosas podem ter mensalidades que beiram R$ 1.000.

 

“Em geral, os cursinho populares não são uma alternativa, mas, sim, a única alternativa que possuem certas pessoas para continuarem seus estudos. O que é uma lacuna do setor público frente à necessidade dos estudantes”, diz Álvaro Chrispino, professor do CEFET-RJ e especialista no tema ensino médio. Os estudantes desse tipo de pré-vestibular costumam vir de escolas públicas e estão em desvantagem na disputa pela vaga no ensino superior.

 

Apesar das várias diferenças, um ponto em comum nesse tipo de cursinho é ter um perfil mais engajado, já que surgem com o objetivo de inclusão dos estudantes mais pobres. “Nosso objetivo é democratizar o acesso à universidade pública”, afirma Robson Muraro, coordenador do Cursinho Popular, mantido pela Acepusp (Associação Cultural de Estudantes e Pesquisadores da Universidade de São Paulo). O cursinho, que não é vinculado institucionalmente à USP, atende cerca de 300 alunos (em salas de até 50). De acordo com o coordenador, o preço máximo da mensalidade fica em R$156.

 

Para Chrispino, os populares têm algumas limitações estruturais e pedagógicas: "o curso alternativo, em geral, tem o professor que é possível, que pode inclusive ser voluntário e ocupa um espaço físico que lhe é possível, como locais comunitários, espaços públicos cedidos, templos religiosos. Não possui facilidades para preparar material impresso de apoio às aulas, estrutura os horários a partir de todas essas variáveis e está em locais mais próximos das comunidades que se propõe a auxiliar. Também não cobra [mensalidade] por conta do perfil dos estudantes, e, se cobra, é um valor reduzido, o que dificulta a estruturação".

 

Já o cursinho tradicional, "é preparado para oferecer condições de disputa. Logo, oferece professores "especialistas" em provas e em solução de problemas de concurso. Oferecem material impresso especifico para cada tipo de vestibular", na opinião de Chrispino.

 

De graça

Também há cursinhos populares que são completamente gratuitos, como o Pré-Vestibular da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Santa Catarina, com unidades em 19 cidades do Estado. A gratuidade é garantida por verba pública da UFSC e da secretaria estadual de educação de Santa Catarina. Seu foco é colocar estudantes pobres nas universidades públicas do Sul do Brasil -- e tem conseguido: no vestibular de 2010 comemorou a aprovação de dois alunos no vestibular de medicina da UFSC, feito que costuma ser utilizado nas propagandas dos chamados cursinhos tradicionais. O estudante, no entanto, é pré-selecionado: precisa ser egresso de escola pública, não pode estar cursando ou ser formado em algum curso superior, deve ter um bom histórico escolar e pertencer a família de baixa renda.

 

Nos cursinhos em geral, não há seleção do tipo quando há vagas disponíveis. Se a procura for maior que a oferta, o principal critério de seleção é o sócio-econômico. É o que acontece no Cursinho da Psico, ligado à Faculdade de Psicologia da USP, que realiza entrevistas com os interessados. Durante a conversa, o entrevistador levanta informações sobre renda, escolaridade e "empenho" do candidato a uma vaga no pré-vestibular.

 

Preços baixos

Dentro do conceito de cursinhos populares, também se encaixam pré-vestibulares com preço abaixo do mercado, mas com uma estrutura que a maioria não dispõe, com material didático próprio e várias unidades. Ainda em São Paulo, os cursinhos Henfil e da Poli estão com inscrições abertas para este semestre. No cursinho da Poli, os preços das turmas de agosto vão de cinco parcelas de R$ 141 (aos sábados, 14 horas semanais) a quatro parcelas de R$ 239 (para o curso matutino ou norturno, de segunda a sexta). No Henfil, o curso mais caro custa sete parcelas de R$ 157,45 (matutino) e o mais barato, sete parcelas de R$ 64,30 (sábados), ambos com material incluso.

 

Apesar do custo médio acima de muitos pré-vestibulares alternativos, em comparação com os cursinhos tradicionais, o preço é mais acessível. Levantamento dos preços de semi-extensivo dos cursinhos Anglo, Objetivo, COC e Etapa mostra a diferença: o mais barato para esse semestre, o de 20 aulas por semana norturnas do Objetivo, custa cinco parcelas de R$ 300. O mais caro, o matutino do Anglo, custa seis parcelas de R$ 947.