A segunda fase da Fuvest 2010 terminou, nesta terça-feira (5), sem conseguir uma boa abordagem do programa inteiro. Ou seja, quem se preparou para todo o conteúdo, não teve de aplicar o conhecimento em extensão. A avaliação de professores de cursinho é que, em geral o terceiro dia foi mais fácil do que o segundo.
"Tirando matemática, que teve perguntas mais difíceis, as outras disciplinas foram acessíveis, se considerarmos que elas estão em uma prova específica", avalia Edmilson Motta, coordenador do Etapa.
Para ele, o maior defeito do exame desta terça foi que havia questões mais simples do que no segundo dia de provas. Ou seja, a avaliação específica, em algumas das disciplinas, foi mais fácil do que a avaliação geral.
Já Nicolau Marmo, coordenador-geral do Anglo, afirma que o vestibular "deixou de ser o melhor do país". "A língua portuguesa tem peso demais e, comparando com o ano passado, o exame perdeu a abrangência", diz.
Veja os comentários por disciplina:
Matemática
A prova apresentou assuntos tradicionais como geometria e análise combinatória com maior nível de dificuldade. "Deu trabalho para o aluno e questão fácil só tinha uma", avalia Marcelo de Carvalho, docente do curso Etapa.
Por outro lado, alguns assuntos que vinham caindo ficaram ausentes, como números complexos, matrizes e sistemas lineares. "Foi uma prova com nível de dificuldade de médio para difícil."
Geografia
A prova de geografia teve ótimo nível e cobrou assuntos tradicionais, segundo Vera Lúcia da Costa Antunes, do curso Objetivo. A prova não teve novidades e abordou apenas os conteúdos do ensino médio, ou seja, não houve questões muito difíceis de se responder, diferente da segunda fase do ano anterior. "No ano passado a média geral ficou abaixo da metade da pontuação da prova; esse ano não houve isso", avalia Vera.
Para a professora, talvez a questão cinco, que aborda o índice de Gini, tenha sido a mais difícil, pois demandava um conhecimento mais aprofundado do assunto. "Era preciso parar e entender exatamente o que era pedido", explica.
Química
As questões de química cobradas nesta terça-feira (5) foram consideradas difíceis, segundo o professor Alessandro Nery, do Objetivo. Os assuntos cobrados --equilíbrio químico, oxirredução, química organica, química inorgânica e titulação-- eram bem tradicionais, mas as respostas foram trabalhosas.
Das seis questões aplicadas, quatro tinham cálculos, sendo duas na prova de três questões e quatro na de seis. As que não tinham contas, por sua vez, pediam fórmulas estruturais muito grandes. "Tinha que ter traquejo muito bom para fazer", pondera o docente.
Para Nery, a pergunta três, que pedia a fórmula molecular de uma reação de oxidorredução, foi a de maior nível de dificuldade. "Para montar as equações o candidato tinha que estar muito bem preparado. Para quem não se preparou, talvez tenha sido complicado", explica.
Física
O professor Caio Calçada, do Objetivo, afirma que física foi adequada tanto para candidatos da área de exatas quanto para os da de biológicas. Foram cobrados termologia, óptica, eletromagnetismo, mecânica e houve uma questão de física moderna, que abordou a teoria da relatividade --uma novidade na Fuvest, segundo o professor. "Foi uma prova abrangente, contextualizada, 'na medida do cliente'", salienta.
"Creio que os candidatos tenham levado em média dez minutos por questão; deve ter sobrado tempo, o que é ótimo. Não cansou o candidato", resume o professor. Para ele, as únicas questõe que podem ter trazido mais dificuldades para os candidatos foram as duas últimas, feitas por quem teve seis perguntas da disciplina: "Eram difíceis, mas não chegou a matar ninguém", pondera.
Biologia
Constantino Carnelos, do Objetivo, elogia a prova de biologia, pois tinha enunciados claros, que exigiam respostas curtas e simples. O nível de dificuldade da prova, para ele, foi médio e manteve o formato dos anos anteriores.
"A única questão que poderia apresentar um pouco mais de dificuldade era a dois, que envolvia citologia e genética", explica. Mesmo assim, segundo Carnelos, o assunto estava do que era esperado para a segunda fase.
História
Segundo o professor Daily de Matos Oliveira, do Objetivo, a prova de história do último dia da Fuvest "não era para paraquedistas, mas para quem entende de história". Os temas cobrados eram tradicionais, com privilégio da história econômica e a nova historiografia, que trata sobre "permanências e transformações". O professor explica que, geralmente, os vestibulares cobram mais as transformações e, no exame de hoje, cobrou-se as permanências. "Para a maioria dos candidatos deve ter ficado a impressão de que foi fácil", diz.
Calendário
Confira a sequência de provas:
3/1/2010 - prova dissertativa de português (dez questões) e redação;
4/1/2010 - 2ª fase da Fuvest, com prova dissertativa (20 questões) das disciplinas história, geografia, matemática, física, química, biologia e inglês. Cada questão poderá abranger conhecimentos de mais de uma disciplina;
5/1/2010 - 12 questões de duas ou três disciplinas específicas (seis ou quatro perguntas de cada matéria), de acordo com a carreira escolhida;
6 a 8/1/2010 - período de provas de habilidades específicas para candidatos a artes cênicas-licenciatura, curso superior do audiovisual, arquitetura (FAU), design (FAU), arquitetura (São Carlos). Cada curso tem uma data específica e
4/2/2010 - divulgação da lista de aprovados da primeira chamada.
Fuvest 2010
Dos 128.144 inscritos no processo seletivo, 35.588 candidatos foram convocados para a segunda fase. Estão em disputa 10.812 vagas, sendo 10.622 na USP, 100 no curso de medicina da Santa Casa e 90 na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Participam dessa edição, ainda, 2.380 treineiros. Esses vestibulandos estão alocados em 44 endereços, sendo 19 na região metropolitana de São Paulo e 25 no interior do Estado.