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Fuvest 2015: português cobra mais gramática, e matemática foi mais difícil

Bruna Souza Cruz*

Do UOL, em São Paulo

30/11/2014 20h58Atualizada em 30/11/2014 21h53

A prova de matemática da primeira fase do vestibular 2015 da Fuvest foi a disciplina mais difícil, segundo professores ouvidos pelo UOL neste domingo (30).  Alguns docentes também destacaram a exigência de conhecimentos gramaticais na prova de português, fato incomum nas edições anteriores do exame.

"Em ordem de dificuldade, a matemática foi a mais difícil de todas para os candidatos. Já em português, caíram muitas questões gramaticais. Em alguns anos [do vestibular da Fuvest] a cobrança de gramática chegou a ser zero. De 18 questões de português, seis foram de gramática [nesta edição]. Para o padrão da Fuvest isso chamou a atenção", explicou a professora Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo.

O nível de exigência da prova de matemática também chamou a atenção do coordenador do Etapa, Marcelo Dias Carvalho. "Deve ter dado um bom trabalho aos alunos", afirmou o professor que comentou que este era o estilo da Fuvest de dez anos atrás. A prova exigiu não apenas domínio dos conceitos, mas também treino com o tipo de questão.

Para Luis Ricardo Arruda, coordenador do cursinho Anglo, a prova de matemática exigiu muitos assuntos que não foram tão cobrados em edições anteriores da Fuvest. “Sistemas lineares, por exemplo, não costumava cair e agora  o tema foi cobrado.”

O coordenador de matemática do Objetivo, professor Giuseppe Nobilioni, acredita que a pergunta mais difícil de matemática foi a 54 (da prova V), que trazia um gráfico com os registros de nascimento por ano, de acordo com grupo de idade da mãe. “Foi uma questão de estatística. Era muito longa, com muita conta para fazer. Foi muito trabalhosa para o candidato.”

Para Nobilioni, os três minutos – tempo estipulado para responder cada questão da prova da Fuvest – não foram suficientes em matemática.

Prova de português

Apesar da exigência de conhecimentos gramaticais, a cobrança das obras literárias nas questões da prova também chamou a atenção de alguns professores entrevistados.

“Todos os livros caíram. E o melhor era que não adiantava o candidato saber só história das obras. Ele precisava estabelecer relações entre elas. Quatro questões, pelo menos, tinham o enunciado de um dos livros e cada alternativa fazia relação com uma obra diferente para ele [candidato] comparar”, explicou Célio Tasinafo, diretor pedagógico do cursinho Oficina do Estudante.

A professora Vera Lúcia destaca que a prova de português privilegiou o candidato que leu, analisou e entendeu as obras literárias.

“Quem só leu resumo ou quem deixou de ler alguma obra não conseguiu ir bem nessa parte”, ressaltou o coordenador Arruda.

Prova mais difícil

De modo geral, os professores entrevistados acreditam que o grau de dificuldade da Fuvest aumentou significativamente em relação ao ano passado. Para eles, o vestibular 2015 será ainda mais discriminatório, uma vez que todas as disciplinas possuíam questões de níveis médio para difícil.

“A Prova vai conseguir separar o joio do trigo”, afirmou a professora Vera Lúcia.

Para o coordenador do Anglo, o filtro desta edição do vestibular pode ser responsável por baixar um pouco a nota de corte de alguns cursos.  “Os cursos tops, como medicina, acho que não mudam muito. Mas os demais é possível, sim. Claro que ainda é cedo para saber, mas a nota pode mudar.”

Gabarito

Neste domingo, os inscritos responderam 90 questões de múltipla escolha -- as provas fazem parte da seleção para a USP (Universidade de São Paulo) e para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa.

Segundo informações da organização da prova, a primeira fase do vestibular registrou abstenção de 10,2% ou seja, 14.457 inscritos faltaram à prova de seleção. Em comparação ao ano passado, o índice de faltosos diminuiu 1,3%. Em 2013, estavam inscritos na prova da Fuvest 172.027 candidatos, faltaram 19.867 (abstenção de 11,5%).

No total, são ofertadas 11.177 vagas: 11.057 para a USP e 120 para o curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 

*Colaborou Karina Yamamoto