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Análise do livro "A Hora da Estrela" Clarice Lispector Do Stockler Vestibulares Clarice Lispector reúne em "A Hora da Estrela" três abordagens fundamentais: filosófica, social e estética. Pela perspectiva filosófica, enfoca os limites e alcances do conhecimento do mundo mediante a palavra e a consciência, através das quais o ser humano se diferencia dos outros seres; em relação ao social, investiga os impasses criados pela separação dos indivíduos em diferentes grupos, destacando o escritor e o nordestino. Quanto à estética, investiga o ato da criação e da originalidade. A narrativa se estrutura a partir de um narrador-personagem que fala de si mesmo e de um narrador onisciente que conta a história de Macabéa. Há trechos na obra de Clarice que parafraseiam ou lembram grandes autores da fase realista e modernista. Observe os fragmentos a seguir: "É coisa muito séria e muito alegre: sua vida vai mudar completamente!"(Machado de Assis) "A Hora da Estrela" apresenta treze títulos que se desdobram na primeira página do livro: A Hora da Estrela A culpa é minha ou A Hora da Estrela ou Ela que se arranje ou O direito ao grito Quanto ao futuro ou Lamento de um blue ou Ele não sabe gritar ou Uma sensação de perda ou Assovio no vento escuro ou Não posso fazer nada ou Registro dos fatos antecedentes ou História lacrimogênica de cordel ou Saída discreta pela porta dos fundos Todos aparecem ao longo da narrativa, durante o processo de criação. Reúnem narrador, escritor e criação. É importante observar que apenas o 5º título é acompanhado por ponto final. Isto acontece porque a história a ser narrada contém segredos (um deles pode ser lido como "o que é o mistério da morte?") e também é a frase que Macabéa pronunciou antes de morrer. A "Hora da Estrela" representa o momento epifânico de Macabéa: a hora da morte. É irônica porque só no momento da morte é que Macabéa alcança a grandeza do ser. Já a autora atinge a epifania ao concluir a obra. É a epifanização do tormento de escrever. O narrador também é personagem principal porque, ao desenvolver a narrativa, mostrando-nos Macabéa, busca a própria identidade. Moldara Macabéa sobre o seu próprio destino e solidão, e morre com ela. Ao mesmo tempo, ele é um disfarce do "eu" da escritora. A escritora e o narrador, usando as personagens Macabéa e Olímpico, tecem críticas a respeito do ato de falar, expressar-se, escrever, ler, interpretar. Macabéa possui um vocabulário restrito, cultura por flashes, baseada na memorização acrítica. Olímpico não tem consciência crítica para interrogar o código linguístico e aproximar-se das palavras sem conhecer o seu conceito. A obra de Clarice Lispector pertence à Terceira Geração Modernista. Há o trabalho com o fluxo de consciência, com a linguagem; transita pelo plano metafísico (indagações existenciais), pelo inconsciente, pela autoanálise com projeções da filosofia existencialista. Veja também: *O Stockler Vestibulares foi fundado em 1984, em São Paulo. |
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