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UFMG abre sindicância para apurar trote com suposta simulação de ato sexual

Rayder Bragon

Do UOL, Em Belo Horizonte

23/03/2012 12h35Atualizada em 23/03/2012 12h50

Um trote feito por alunos veteranos tendo como alvo ao menos duas calouras do curso de turismo, nesta quinta-feira (22), no campus da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), na região da Pampulha, motivou a abertura de uma sindicância para apurar se houve violência contra as alunas. De acordo com informações preliminares, as jovens teriam sido amarradas a uma árvore e obrigadas a simular sexo oral com um pedaço de pau. Além disso, elas teriam sido atingidas por ovos, lama e tinta.

A sindicância será conduzida pela diretoria de assuntos estudantis da universidade. O diretor do setor, Luiz Guilherme Knauer, afirmou que interveio no momento do trote, mas disse não ter vislumbrado a denúncia da simulação de sexo.

Segundo Knauer, quando foram informados da realização do trote, tanto ele quanto a diretora do Instituto de Geociências, departamento ao qual o curso está subordinado, foram ao espaço onde a ação acontecia e ofertaram a quem estava sendo alvo do trote a possibilidade de sair do local.

“Nós não verificamos esse tipo de brincadeira [do sexo oral]. Como houve uma denúncia que partiu de jornalistas, a diretora conversou com todas as meninas que estavam sendo alvo do trote, ofertando a elas proteção para sair do local, mas todas elas quiseram ficar alegando que estava divertido”, contou.

No entanto, segundo o dirigente, após reunião, os responsáveis pelo curso e a diretoria de assuntos estudantis resolveram seguir os ritos legais da universidade aplicáveis nesses casos para evitar pendências judiciais que porventura possam surgir. De acordo com ele, o procedimento será concluído dentro do prazo de 30 dias.

“Essa sindicância vai ouvir todos os calouros envolvidos, eventuais testemunhas e todos os seguranças da universidade que estavam acompanhando o trote”, explicou. Caso fique comprovado que houve ação contra os calouros, haverá a instauração de uma comissão de inquérito que terá a função de punir os responsáveis.

De acordo com as normas da instituição de ensino, se forem considerados culpados, os alunos apontados pela comissão podem ser advertidos formalmente, o que dificultaria a obtenção de bolsas de estudos, suspensos ou até expulsos da universidade.

Segundo Knauer, os trotes violentos foram proibidos na instituição há mais de 15 anos, no entanto, há certa “tolerância” com a prática. “O que tem acontecido é que os alunos têm levado o trote para fora da universidade. Quando isso ocorre, nós perdemos o controle que temos para evitar que as brincadeiras não firam ninguém, nem do ponto de vista físico nem do psicológico. Apesar de os seguranças não intervirem, eles têm ordens de bloquear brincadeiras iguais às que disseram ter ocorrido neste caso”, afirmou.
  
Segundo Knauer, os trotes observados na universidade são feitos por grupos distintos e contra os quais há uma dificuldade de monitoramento.