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Cursinhos aprovam nota da 1ª fase no resultado final da Fuvest; grêmio é contra

Letícia Mendes<br>Thiago Minami

Em São Paulo

02/06/2011 18h18

As maiores redes de cursinhos em São Paulo aprovam a inclusão da nota da 1ª fase na Fuvest 2012. “O grande erro cometido no ano passado foi terem desconsiderado a primeira fase”, diz Carlos Eduardo Bindi, coordenador do colégio Etapa. Professores do Anglo, Objetivo e Alferes/COC concordam.

Nesta quinta-feira (2), a USP (Universidade de São Paulo) redefiniu as regras do vestibular 2012. Entre elas, está o aumento da nota de corte da 1ª fase e a convocação de apenas dois a três candidatos por vaga na 2ª fase – antes eram três.

Nelson Henrique de Castro, coordenador de vestibular do Anglo, diz que a primeira fase da Fuvest finalmente foi valorizada, assim como a visão ampla e o conhecimento geral do estudante. Mas conta que algumas mudanças assustaram os alunos. “Muitos ficaram preocupados, principalmente com a diminuição dos aprovados para a segunda fase”. As carreiras mais concorridas vão ter o acesso dificultado, e isso é um fator estressante para os vestibulandos. “A Fuvest vai selecionar o aluno mais bem formado, consequentemente aquele que estudou em escolas melhores, com mais condições. Para o aluno do ensino público ficou mais difícil entrar na USP. Creio que por isso aumentaram o bônus para eles [de 12% para 15%]”.

A coordenadora e professora do Objetivo Vera Lúcia da Costa Antunes aprova as mudanças. “A USP mostra que aceita aluno que tem boa formação, não os que entram por acerto casual”. Para Vera, ao voltar a usar a nota da primeira fase, a instituição percebeu que cometeu injustiças. Quanto à nova opção da carreira, diz que é uma ótima oportunidade para aqueles vestibulandos que estão bitolados em uma opção e, de repente, podem se abrir para uma nova profissão com que nem sonhavam.

Assim como a professora do Objetivo, o coordenador do colégio Etapa, Carlos Eduardo Bindi, aponta que as mudanças feitas pela USP foram muito coerentes e funcionam como pequenos ajustes. “Este ano, nenhum aluno será surpreendido”. E acredita que as outras mudanças não modificam em nada a vida dos candidatos.

O diretor do cursinho Alferes/COC e professor Feres Fares diz que o uso da nota da primeira fase na segunda ajudará os melhores alunos, “aqueles que estudaram durante o ano inteiro”. Assim como o aumento da nota de corte eliminará os candidatos que apostam no “chute” para chegar à segunda fase. Fares acredita que as novas regras vão inibir os despreparados. “Mudanças como a diminuição do número de aprovados para a segunda fase vão influenciar diretamente na nota de corte dos cursos mais concorridos, como Medicina, Engenharia e Direito. Ou seja, os vestibulandos vão ter que se esforçar e estudar mais ainda”. Outra questão que Fares aponta é a redução das questões, pois “muitos alunos não conseguiam responder todas e deixavam em branco a prova”.

Contra as mudanças

O DCE (Diretório Central dos Estudantes da USP) desaprova as mudanças. “Essas reformas não contribuem para melhorar o acesso à USP dos alunos oriundos de escolas públicas e nem para a permanência deles nos cursos”, diz João Pavesi de Oliveira, membro da atual gestão e aluno da Geografia.

Os estudantes se queixam da “elitização” do vestibular, que já é um dos mais concorridos do país. Para eles, as mudanças privilegiam aqueles com melhor formação no ensino básico, ou seja, aqueles que estudaram em escolas particulares.